30 maio 2012

Existem diferenças cerebrais entre os homens e as mulheres?





Prof. Dr. Renato M.E. Sabbatini

Os homens e as mulheres são diferentes, todos sabemos disso.

Porém, além das diferenças anatômicas externas e dos caracteres sexuais primários e secundários, os cientistas sabem também que existem várias outras diferenças sutis na maneira pela qual os cérebros dos homens e das mulheres processam a linguagem, as informações, as emoções, o conhecimento, etc.

Uma das diferenças mais interessantes refere-se à maneira segundo a qual os homens e as mulheres calculam o tempo, estimam a velocidade de objetos, realizam cálculos matemáticos mentais, orientam-se no espaço e visualizam os objetos tridimensionais, e assim por diante. Ao realizar todas essas tarefas, os homens e as mulheres são extremamente diferentes, assim como o são quando seus cérebros processam a linguagem. Isso poderia explicar, afirmam os cientistas, o fato de que existem mais homens matemáticos, pilotos de avião, guia de safari, engenheiros mecânicos, arquitetos e pilotos de Fórmula 1 do que mulheres.

Por outro lado, as mulheres são melhores que os homens em relações humanas, em reconhecer aspectos emocionais nas outras pessoas e na linguagem, na expressão emocional e artística, na apreciação estética, na linguagem verbal e na execução de tarefas detalhadas e pre-planejadas.
Por exemplo, as mulheres normalmente são melhores que os homens em lembrar listas de palavras ou parágrafos (13).

O "pai" da sociobiologia, Edward O. Wilson, da Universidade de Harvard (10), afirmou que as mulheres tendem a ser melhores que os homens em empatia, em habilidades verbais, sociais, e de proteção, dentre outras, enquanto que os homens tendem a ser melhores em habilidades de independência, de dominação, em habilidades matemático-espaciais, nas de agressão relacionada a hierarquia, e outras características.

No início dessas investigações, os cientistas eram céticos quando ao papel dos genes e das diferenças biológicas, dado que o aprendizado cultural é muito poderoso e influente entre os seres humanos. As meninas são mais propensas a brincar de boneca e cooperar entre si do que os meninos, porque assim são ensinadas por seus pais, professores e colegas ou é exatamente o contrário?

No entanto, as diferenças de gênero já se manifestam desde alguns meses após o nascimente, quando a influência social ainda é pequena. Por exemplo, Anne Moir e David Jessel, em seu controverso e admirável livro "Brain Sex" ("O sexo do cérebro") (11), oferecem explicações para essas diferenças precoces nas crianças:

"Essas diferenças discerníveis e mensuráveis do comportamento são programadas muito antes que as influências externas tenham a oportunidade de se manifestar. Elas refletem uma diferença básica no cérebro do recém-nascido que já conhecemos -- a maior eficiência dos homens quanto a habilidades espaciais, a maior habilidade das mulheres quanto à fala."

Agora, após muitas pesquisas cuidadosas e bem controladas, onde o meio-ambiente e a aprendizagem social foram isoladas, os cientistas descobriram que existem uma grande variedade de diferenças neurofisiológicas e anatômicas entre os cérebros dos homens e das mulheres.

O estudo das diferenças cerebrais

Existem hoje uma variedade de métodos neurocientíficos sofisticados que permitem aos cientistas testar diferenças minúsculas entre quaisquer grupos de cérebros. Existem muitas abordagens tornadas possíveis pelo avanço do processamento computadorizado de imagens, como por exemplo, a tomografia (que mostra imagens detalhadas de "fatias" do cérebro):

  1. medidas volumétricas de regiões cerebrais: define-se uma região e o computador, a partir de uma série de fatias, calcula a área daquela região cerebral, e então realiza cálculos de integralização de várias área para calcular seu volume aproximado. A análise estatística de várias amostras pertencentes a cérebros diferentes permite descobrir se existem (ou não) diferenças em volume, espessura, etc.
  2. imagens funcionais: graças ao uso de aparelhos sofisticados tais como o tomógrafo de emissão de pósitrons (o PET) ou o fMRI (Imagens de Ressonância Magnética funcional) ou o Eletroencefalógrafo de Topografia do Cérebro, os pesquisadores são capazes de visualizar em duas ou três dimensões, quais as partes do cérebro são funcionalmente ativadas quando uma tarefa é executada pelos indivíduos testados..
  3. exame post-mortem. Os cérebros de falecidados são retirados e fatiados. As modernas técnicas de análise de imagem são usadas para detectar diferenças quantitativas tais como o número e a forma de neurônio e outras células cerebrias, a área, espessura e voluem das diversas áreas do cérebro etc.


Os cientistas que trabalham na Universidade Johns Hopkins University publicaram recentemente na revista especializada "Cerebral Cortex" (1), a descoberta de que existe uma região no córtex chamado de lóbulo infero-parietal (LIP) que é significativamente maior nos homens do que nas mulheres. Essa área é bilateral e localizada logo acima do nível das orelhas (córtex parietal) .

Além disso, os cientistas da Universidade Johns Hopkins observaram que, nos homens, o lado esquerdo do LIP é maior do que no lado direito. Nas mulheres, a assimetria é exatamente o contrário, embora as diferenças entre os lados esquerdo e direito não sejam tão importantes quanto nos homens. Esta é a mesma área que foi demonstrada ser maior no cérebro de Albert Einstein, assim como de outros físicos e matemáticos. Portanto, parece que o tamanho do LIP está correlacionado com as habilidades mentais em matemática. Os neurologistas suspeitavam da existência de diferenças morfológicas do cérebro desde a época da frenologia (embora esta tenha sido provada ser uma abordagem errada), no século 19. O fim do século 20 testemunha as primeiras provas científicas disso.

O estudo, dirigido pelo Dr. Godfrey Pearlson, foi realizado graças a análise de varreduras de imagens de ressonância magnética de 15 homens e mulheres. Os volumes foram calculados através de um pacote de software desenvolvido pelo Dr. Patrick Barta, um psiquiatra da Universidade Johns Hopkins. Mesmo depois de descartar as diferenças naturais que existem no volume total cerebral entre os homens e as mulheres, ainda permanecia uma diferença de 5% entre os volumes de LIP (o cérebro dos homens é, em média, aproximadamente 10% maior do que as mulheres, mas isso é deivod ao maior tamanho corporal dos homens: um maior número de células musculares implica em um maior número de neurônios para controlá-las).

Em geral, o LIP permite que o cérebro processe informações a partir dos órgãos dos sentidos e ajude na atenção e percepção seletivas ( por exemplo, as mulheres são mais capazes de se concentrar em um estímulo específico, como por exemplo, o choro do bêbê à noite). Os estudos têm relacionado o LIP direito à memória envolvida na compreensão e manipulação das relações espaciais e à capacidade de estabelecer relações entre as partes do corpo. Ele está também relacionado à percepção de nossos próprios sentimentos ou emoções. O LIP esquerdo está implicado na percepção do tempo e do espaço e na capacide de rotação mental de figuras tridimensionais (como por exemplo no famoso jogo de Tetris)

Um estudo anterior do mesmo grupo dirigido pelo Dr. Godfrey Pearlson (9) demonstrou que duas áreas nos lobos frontais e temporais relacionados à linguagem (conhecidos como áreas de Broca e Wernicke, em homenagem a seus descobridores) são significamente maiores nas mulheres, fornecendo assim um motivo biológico para a notória superioridade mental das mulheres relacionada à linguagem.
Utilizando imagens de ressonância magnética, os cientistas mediram os volumes de matéria cinzenta em diferentes regiões corticais de 17 mulheres e 43 homens. As mulheres apresentavam um volume 23% maior (na área de Broca, no córtex prefrontal dorsolateral) e 13% maior (na área de Wernicke, no córtex temporal superior) do que os homens.

Esses resultado foram corroborados mais tarde por outro grupo de pesquisa da Faculade de Distúrbios da Comunicação da Universidade de Sydney, Austrália, que foi capaz de provar essas diferenças anatômicas nas áreas de Wernicke e de Broca (3). O volume da área de Wernicke's era 18% maior nas mulheres, comparado aos homens, e o volume cortical da área de Broca era 20% maior em mulheres do que nos jomens.

Por outro lado, evidência adicionais são obtidas a partir de pesquisa que mostra que o corpus callosum, (corpo caloso) uma grande massa de fibras nervosas conectada a ambos os hemisférios cerebrais, é maior nas mulheres do que nos homens (5), embora essa descoberta tenha sido contestada recentemente.

Em outra pesquisa, um grupo da Universidade de University of Cincinnati, nos Eatados Unidos, Canada, apresentou evidência morfológicas de que enquanto os homens têm mais neurônios no córtex cerebral, as mulheres tem um neuropil mais desenvolvido - isto é, o espaço entre os corpos celulares que contém as sinapses, os dendritos e os axônios, e permite a comunicação entre os neurônios (8). De acordo com a Dra. Gabrielle de Courten-Myers, essa pequisa pode explicar porque as mulheres são mais propensas a demência ( devido à doença de Alzheimer, por exemplo) do que os homens, porque embora ambos percam o mesmo número de neurônio por causa da doença, "nos homens, a reserva funcional pode ser maior, pois existe um maior número de células nervosas, o que poderia prevenir parte das perdas funcionais."

Os pesquisadores realizaram medidas em fatias cerebrais de 17 mortos ( 10 homens e 7 mulheres) tais como espessura do cortex e número de neurônios em diferentes partes do córtex.

Outros pesquisadores, dirigidos pelo Dr. Bennett A. Shaywitz, um professor de Pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Yale, descobriram que o cérebro das mulheres processam a linguagem verbal simultaneamente nos dois lados (ou hemisférios) do cérebro frontal, enquanto que os homens tendem a processá-la apenas no hemisfério esquerdo. Eles realizaram imagens de tomografia por ressonancia magnética planar funcional de 38 cérebros de indivíduos dextros (19 homens e 19 mulheres). A diferença foi demonstrada em um teste em que os sujeitos deviam ler uma lista de palavras sem sentido e encontram suas rimas (7). É curioso observar que os orientais que usam idiomas escritos baseados em figuras (isto é, os ideogramas) tendem também a utilizar ambos os hemisférios cerebrais, independentemente do gênero.

Embora a maioria dos estudos anatômicos e funcionais realizados até agora tenham se concentrado no córtex cerebral, que é responsável pelas funções cognitivas e intelectuais superiores do cérebro, outros pesquisadores como o Dr. Simon LeVay, têm demonstrado que existem diferenças de gênero em partes mais primitivas do cérebro, como por exemplo o hipotálamo, onde a maioria das funções básicas da vida são controladas, incluindo o controle hormonal através da glândula pituitária. LeVay descobriu que o volume de um núcleo específico do hipotálamo ( terceiro grupo de célulo no núcleo intersticial do hipotálamo inferior) é duas vezes maior em homens heterossexuais do que nas mulheres e nos homossexuais, provocando um debate caloroso sobre a possível existência de uma base biológica da homossexualidade (6). Dr. LeVay escreveu um interessante livro sobre as diferenças do cérebro em função do sexo, entitulado "The Sexual Brain" (6).

Evolução versus Ambiente

Qual o motivo para essas diferenças de gênero em estrutura e função?

Segundo a Society for Neuroscience, a maior organização professional da área, a evolução é que confere sentido a isso. "Em épocas muito antigas, cada sexo tinha uma papel muito definido que ajuda a assegurar a sobrevivência da espécie. Os homem da caverna caçavam. As mulheres da caverna recolhiam comida perto de casa e cuidavam das crianças. As áreas do cérebro podem ter sido desenvolvidas para permitir que cada sexo realizasse suas tarefas". O Prof. David Geary, da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, um pesquisador do campo das diferenças de gênero, pensa que "em termos evolutivos, o desenvolvimento de habilidades navegacionais pode ter tornado os homens mais capacitados para o papel de caçador, enquanto que o desenvolvimento pelas mulheres de preferências por marcos espaciais pode ter capacitado-as para cumprir suas tarefas de coletoras de alimento perto de casa." (2) A vantagem das mulheres relativa às habilidades verbais também pode fazer sentido em termos evolutivos. Enquanto que os homens tem força corporal para competir com outros homens, as mulheres usam a linguagme para conseguir vantagens sociais, através da argumentação e persuasão, afirma Geary.

A autora Deborah Blum, que escreveu "Sex on the Brain: The Biological Differences Between Men and Women" (12), ("O sexo no cérebro: as diferenças biológicas entre homens e mulheres") transmitiu as tendências atuais quanto ao uso de motivos evolutivos para explicar vários dos nossos comportamentos. Ela afirma: "O enjôo matinal, por exemplo, que faz com que algumas mulheres afastem-se de cheiros e sabores fortes, pode ter protegido, em tempos idos, os fetos no útero contra subtâncias tóxicas. A infidelidade é uma maneira pela qual os homens asseguram a imortalidade genética. É interessante notar que, quando mudamos deliberadamente nosso comportamento de papel social -- nossos hormônios e até mesmo os cérebros respondem transformando-se também."

Durante o desenvolviemento do embrião no útero, os hormônios circulantes tem um papel muito importante na diferenciação sexual do cérebro. A presença de andrógenos no início da vida, produzem um cérebro "masculino". Ao contrário, acredita-se que o cérebro "feminino" se desenvolva por um mecanismo de ausência hormonal, a falta de andrógeno. Mas, as descobertas recentes demonstraram que os hormônios ovarianos também desempenham um papel fundamental na diferenciação sexual.

Uma das evidências mais convincentes do papel dos hormônios, tem sido demonstrada graças ao estudo de meninas expostas a elevados níveis de testosterona no período da gravidez, pois suas mães tinham hiperplasia adrenal congênita (4). Essas meninas parecem ter uma melhor consciência espacial do que outras meninas e apresentam maior tendência a mostrar, quando criança, um comportamento turbulento e agressivo, muito parecido com o dos meninos.

Fatos e Preconceitos

Essas diferenças, porém, implicam em uma relação de superioridade/inferioridade entre os homens e as mulheres?

"Não", afirma o Dr. Pearlson. "Afirmar isso signfica dizer que os homens são automaticamente melhores em algumas coisas do que as mulheres é uma atitude simplista. É fácil encontrar mulheres que são extraordinárias em matemática e física e homens que são excelentes em habilidades de linguagem. Somente quando examinamos uma população muito grande e investigamos tendências pequenas porém significativas podemos ver as generalizações. Existem muitas exceções, mas há também uma pitada de verdade, revelada pela estrutura cerebral, que acreditamos estar subjacente a algumas das maneiras pelas quais as pessoas caracterizam os sexos."

O Dr. Courten-Myers acrescenta: "O reconhecimento de maneiras -- específicas ao gênero -- de pensar e sentir, tornadas ainda mais críveis dadas essas diferenças bem estabelecidas, poderia ser benéfico para a melhora de relações interpessoais. Porém, a interpretação dos dados também pode trazer abuso e prejuízo se qualquer um dos gênero tentar construir evidências para a superioridade do homem ou da mulher baseadas nessas descobertas."

A conclusão é que as neurociências realizaram grandes avanços na década de 1990 quanto a descoberta de diferenças concretas e cientificamente comprovadas entre os cérebros dos homens e das mulheres. Embora esse conhecimento poderia teoricamente ser usado para justifica a misoginia e preconceito contra as mulheres, felizmente isso não tem acontecido. Na verdae, esse novo conhecimento pode ajudar os médicos e cientistas a descobrir novas maneiras de explorar as diferenças cerebrais para o tratamento de doenças, para personalizar a ação de medicamentos, para utilizar diferentes procedimentos cirúrgicos, etc. Afinal de contas, os homens e mulheres diferem apenas quanto ao cromosso Y, mas isso tem um impacto real sobre tantas coisas, inclusive a dor, os hormônios, etc.

Para conhecer mais

Sabbatini, R.M.E.: The PET Scan: A New Window Into the Brain
Gattass, R.: Thoughts: Image Mapping by Functional Nuclear Magnetic Resonance
Cardoso, S.H.: Why Einstein Was a Genius?
Sabbatini, R.M.E.: Paul Broca: Brief Biography
Sabbatini, R.M.E.: Topographic EEG

Referências

  1. Frederikse, M.E., Lu, A., Aylward, E., Barta, P., Pearlson, G. Sex differences in the inferior parietal lobule. Cerebral Cortex vol 9 (8) p896 - 901, 1999 [MEDLINE].
  2. Geary, D.C. Chapter 8: Sex differences in brain and cognition. In "Male, Female: the Evolution of Human Sex Differences". American Psychological Association Books. ISBN: 1-55798-527-8 [AMAZON].
  3. Harasty J., Double K.L., Halliday, G.M., Kril, J.J., and McRitchie, D.A. Language-associated cortical regions are proportionally larger in the female brain. Archives in Neurology vol 54 (2) 171-6, 1997 [MEDLINE].
  4. Collaer, M.L. and Hines, M. Human behavioural sex differences: a role for gonadal hormones during early development? Psychological Bulletin vol 118 (1): 55-77, 1995 [MEDLINE].
  5. Bishop K.M. and Wahlsten, D. Sex differences in the human corpus callosum: myth or reality? Neuroscience and Biobehavioural Reviews vol 21 (5) 581 - 601, 1997.
  6. LeVay S. A difference in hypothalamic structure between heterosexual and homosexual men Science. 253(5023):1034-7, 1991 [MEDLINE].
    See also: LeVay, S.: "The Sexual Brain". MIT Press, 1994 [AMAZON]
  7. Shaywitz, B.A., et al. Sex differences in the functional organisation of the brain for language. Nature vol 373 (6515) 607 - 9, 1995 [MEDLINE].
  8. Rabinowicz T., Dean D.E., Petetot J.M., de Courten-Myers G.M. Gender differences in the human cerebral cortex: more neurons in males; more processes in females. J Child Neurol. 1999 Feb;14(2):98-107. [MEDLINE]
  9. Schlaepfer T.E., Harris G.J., Tien A.Y., Peng L., Lee S., Pearlson G.D. Structural differences in the cerebral cortex of healthy female and male subjects: a magnetic resonance imaging study. Psychiatry Res. 1995 Sep 29;61(3):129-35 [MEDLINE].
  10. Wilson, E.O. - "Sociobiology". Harvard University Press, 1992 [AMAZON].
  11. Moir A. and Jessel D. - "Brain Sex". 1993 [AMAZON] See also: Excerpts from the book
  12. Blum, D. - "Sex on the Brain: The Biological Differences Between Men and Women". Penguin, 1998 [AMAZON]
  13. Kimura, D. - "Sex and Cognition". MIT Press, 1999 [AMAZON]
O Autor









Renato M.E. Sabbatini é doutor em neurofisiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. Realizou pesquisas como cientista convidado e para o seu pós-doutorado no Instituto Max Planck de Neurobiologia em Munique, Alemanha. Atualmente é coordenador de Informática Médica e professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP. Dentre suas inúmeras atividades, destaca-se também a de editor associado e presidente do conselho editorial da revista on-line "Cérebro & Mente".
Email: sabbatini@nib.unicamp.br


In: http://www.cerebromente.org.br/n11/mente/eisntein/cerebro-homens-p.html, acessado dia 30.05.2012
Leia Mais ►

29 maio 2012

Para ler, tocar e sentir


Jairo Marques – Assim como Você 

Sempre digo que o mundo ideal é aquele feito para todos. Que todos os lugares e coisas estejam pensadas e preparadas para receber o diverso. Fico todo pimpão       quando me deparo com iniciativas que buscam olhar com bastante carinho (ai, que mimoso ) e possibilitam uma inclusão efetiva das pessoas sem braços, sem pernas, que puxam cão-guia.

Uma série de livros – a Coleção Adélia - tem tentado vencer esse desafio e integrar, em uma só publicação, as necessidades de quem vê e de quem não vê. São livros que inovaram na leitura em braile, com um método 100% inclusivo... aêeeeeeeeee!!!!!



As responsáveis pelo projeto – viabilizado pela Lei Rouanet – são Lia Zatz (texto). Luise Weiss (ilustrações) e Wanda Gomes (Design gráfico). O novo é que o método permite que um livro publicado para deficientes visuais seja lido e manuseado, com alta qualidade de leitura, por pessoas com e sem deficiência ao mesmo tempo.

O livro “Adélia esquecida” – o segundo da série – explora as texturas dos objetos, de forma visual e tátil. Por exemplo, leitor poderá sentir a trama da malha de lã de Adélia, o zíper da sua roupa. Além de cheiros, como aromas de couro e do jardim da casa personagem. Todos os elementos gráficos do livro foram trabalhados para que ele fosse bacana de forma visual, tátil e olfativa. (huuuuuummm)





Outra coisa é que a impressão em braile não fura o papel. E isso permite tiragens maiores e qualidade de impressão para quem vê e quem não vê... fala aí se não é legalpracaramba.com.br????? Pôxa, fico pensando que legal a criança que tem um livro desses e pode emprestar pro amiguinho que é cego e vice-versa... quer integração maior?





Temos para fornecer a série de livros da Adélia em expansao@expansao.com








Leia Mais ►

28 maio 2012

Seis habilidades dos pensadores estratégicos

Embora o texto abaixo tenha sido elaborado para pessoas que trabalham em estratégia de empresa, gerentes, diretores, achamos que as estratégias ou habilidades sugeridas são valiosas para todas as pessoas, sejam elas profissionais autônomos, pessoas desempregadas, cuidadores do lar, profissionais dos mais variados segmentos. Curto prazo é uma visão do agora, do já, mas a nossa vida é uma fórmula que não pode ser traduzida em uma equação de um só tempo. Somos a soma do passado, com o presente, cujo resultado final não serão números positivos, ou negativos, primos ou fracionados, ou complexos.É o nosso futuro. Há que buscar uma um resultado diferente do habitual. Por isso reproduzimos o texto abaixo, considerando que sucesso é o seu bem-estar, a sua felicidade.

Pessoal,

o cotidiano de um gerente é cheio de tentações que o atraem para lidar apenas com atividades de curto-prazo ou micro-atividades. Elas parecem ser mais urgentes e concretas, no entanto, tal atitude pode acarretar vários riscos a perenidade de sua empresa. Em uma economia onde o consumidor é quem possui maior poder de negociação, o acompanhamento da mudança nas necessidades de seus clientes passa a ser vital para a existência da sua empresa. E, cada vez mais, a velocidade das mudanças é maior.

Diante de tal realidade, cresce a importância das habilidades relacionadas ao pensar estrategicamente. Inspirado em um artigo do professor Paul Schoemaker que li recentemente, apresento seis habilidades que, na minha opinião, os líderes devem desenvolver se quiserem pensar estrategicamente suas empresas:

- Antecipe: Vale a máxima “É melhor previnir do que remediar”. Pensar apenas no cotidiano pode leva-lo a não enxergar movimentações de seus concorrentes o que deixa sua empresa vulnerável para perda de mercado. Nesse sentido, é preciso acompanhar a mudança nas necessidades de seus clientes e como eles utilizam os produtos. Procure olhar de forma conceitual para as necessidades de seus clientes, pois, como diria Peter Drucker, o que seu cliente precisa não é de uma furadeira, mas sim de um furo na parede;

- Pense criticamente: O chamado senso-comum é na maioria das vezes baseado no olhar que as pessoas tem sobre o passado, naquilo que deu certo até agora. Pensar criticamente ajuda você a olhar com mais carinho para dados que são desprezados pela grande maioria. Esses dados fazem com que você comece a enxergar problemas ou soluções futuras ainda na fase de concepção, possibilitando a antecipação e uma melhor preparação para a mudança que está por vir. Procure desafiar crenças e mentalidades atuais, inclusive as suas e, principalmente, não se deixe manipular por PRÉ-CONCEITOS;

- Interprete: Sempre há uma tentação pela solução rápida. Muitas pessoas sentem-se angustiadas porque tem a percepção de que nossas vidas estão muito corridas. Precisamos, desesperadamente, afastarmo-nos um pouco para refletir com calma sobre nossas próprias experiências. Afinal de contas, ninguém entende o significado de suas experiências sem reflexão. Explore diversas opções, dê meia volta e tente outra quando a primeira não funcionar;

- Decida: Não se deixe paralisar pela análise. Vivemos em um mundo cada vez mais complexo e, devido a essa alta complexidade, existem muitas variáveis a serem consideradas em qualquer processo. Nenhuma decisão considerará todas as variáveis e nenhuma decisão conseguirá agradar a todos, mas a ausência de decisão e ação é meio caminho andado para o fracasso de um projeto ou de uma empresa;

- Alinhe: Consenso total é utopia. Também não se deixe levar pela maioria, afinal de contas, como disse em post anterior, se a maioria tivesse razão sempre, nenhuma eleição poderia ser contestada. Isso não significa que você não deva promover o diálogo aberto, mas sim que você deve procurar entender os motivos de cada pessoa que participa do processo do debate de ideias, entender seus vieses e procurar agir de forma integrar os diversos pontos de vista apresentados;

- APRENDA: A mais importante de todas as habilidades. Entenda que o sucesso e, principalmente, o fracasso são fontes abundantes de aprendizado. Utilize o erro como instrumento pedagógico e não como instrumento de punição. Não se trata de tentar para errar e depois aprender, mas sim de tentar e, se errar, aprender com o erro. Não existe inovação sem assumir riscos e assumir riscos é saber que erros podem acontecer, a diferença está em como aprendemos com nossos erros. Nesse sentido, o papel do líder é de criar ambiente propício para que as pessoas sintam-se confiantes para arriscar e orientar os membros da equipe a aprender com os erros cometidos
Pensar estrategicamente é como se enxergássemos nossas empresas como uma tapeçaria tecida a partir dos fios da reflexão, análise, visão de mundo, colaboração e proatividade, todos unidos pelo fio da integridade social. Afinal de contas, empresas são abstrações. O que vale, de verdade, são as pessoas dentro delas. Empresas são redes interativas, não hierarquias verticais. Empresas são redes sociais tecidas e integradas pelos fios do conhecimento.

@blogdomarcelao


Fonte: HSM Online
 
In: http://atalhocognitivo.blogspot.com.br/2012/05/6-habilidades-dos-pensadores.html#!/2012/05/6-habilidades-dos-pensadores.html, acessado dia 28 de maio de 2012
Leia Mais ►

25 maio 2012

Boa forma mental na meia idade e além


Não faz muito tempo que era senso comum pensar que uma pessoa era produtiva somente até os 40 anos de idade, como se a capacidade intelectual, criatividade e inovação tivessem prazo de validade. Da mesma forma, acreditava-se que os neurônios simplesmente morriam sem serem renovados, ou que a capacidade de aprendizado era perdida ao longo dos anos.

                   Eric R.Kandel neurocientita - premio nobel - estudos sobre a memória
É claro que algumas habilidades diminuem quando se envelhece, mas algumas pessoas são melhores em retardar essas perdas do que outras. E pesquisadores querem entender o porquê. Por que seu vizinho de 70 anos consegue ter uma memória igual à de uma pessoa com metade dessa idade, enquanto seu parente de 40 anos tem a memória de um idoso?

De acordo com pesquisas recentes, um elemento essencial para a boa forma mental já foi identificado. A educação parece ser um elixir que pode proporcionar mente e corpo saudáveis ao longo da vida adulta e também uma vida mais longa. Para aqueles que estão na meia idade ou além, um diploma de faculdade parece retardar o processo de envelhecimento cerebral em até uma década.

Essa é uma das descobertas de um estudo enorme que está sendo conduzido nos EUA desde os anos 90, chamado de MIDUS (sigla para Meia Idade nos Estados Unidos). O que torna esse estudo particularmente valioso é que os pesquisadores podem rastrear a mesma pessoa por um longo período de tempo para ver quais habilidades estão piorando e quais estão melhorando.

Muitos pesquisadores acreditam que a inteligência humana consiste em dúzias de habilidades cognitivas variadas, as quais eles geralmente dividem em duas categorias: inteligência fluida e inteligência cristalizada.

As habilidades que caem na categoria de “inteligência fluida” são aquelas que produzem soluções não baseadas em experiência, como reconhecimento de padrões, memória de trabalho e raciocínio abstrato, justamente o tipo de inteligência avaliada nos testes de QI. Essas habilidades tendem atingir seu pico entre os 20 e 30 anos de idade.

Por outro lado, a “inteligência cristalizada” geralmente se refere às habilidades que são adquiridas através da experiência e educação, como habilidade verbal, raciocínio indutivo e julgamento. Enquanto a inteligência fluida é por muitos considerada principalmente um produto da genética, a inteligência cristalizada é mais dependente de influências diversas, como personalidade, motivação, oportunidade e cultura.

Num estudo publicado nos últimos anos, pesquisadores provaram que, quando se trata de sabedoria, a experiência pode ser mais importante que a biologia, principalmente na resolução de conflitos e dilemas sociais. Eles descobriram que, apesar da queda na inteligência fluida, raciocínios complicados que envolvem pessoas, questões morais ou instituições políticas melhoram com a idade.

Voltando ao estudo MIDUS, os pesquisadores queriam saber se algo podia ser feito para frear esse aparentemente contínuo declínio da inteligência fluida ao longo dos anos. Então eles desenvolveram diversos testes de memória, cálculo e raciocínio que poderiam ser aplicados nos milhares de participantes.

Como previsto, pessoas com mais de 50 anos tiveram um pior desempenho nos testes de memória e velocidade de raciocínio do que pessoas mais jovens. O cérebro envelhecido era mais facilmente distraído e mais lento em resgatar informações. Mulheres geralmente eram melhores que os homens no teste de lembrar uma lista de palavras, enquanto que os homens eram melhores em encontrar padrões numéricos e reagir rapidamente a alterações de instruções.

Os mais consistentes resultados envolviam a educação. Igualando todos os demais fatores, quanto mais anos de escola um indivíduo tinha, melhor ele ou ela desempenhava em todos os testes mentais. Até os 75 anos de idade, os indivíduos com diploma de ensino superior conseguiam um desempenho em tarefas complexas igual a indivíduos dez anos mais jovens com menos educação. Além disso, a educação estava associada a uma vida mais longa e a um menor risco de demência.

Numa outra análise, os pesquisadores descobriram que os indivíduos podiam compensar as desvantagens educacionais. Todos os que regularmente desafiavam seus cérebros – lendo, escrevendo, assistindo palestras ou fazendo jogos – tinham um melhor desempenho em inteligência fluida do que aqueles pouco adeptos a desafiar o cérebro.

O treinamento mental regular pode realmente alterar os circuitos neurais do cérebro em qualquer idade, estimulando regiões do cérebro responsáveis por habilidades como memória, aprendizado e tomada de decisão.

Em ainda outra análise, os pesquisadores mostraram que adultos, particularmente os homens, com baixo nível de educação podiam também melhorar o desempenho mental simplesmente usando um computador.

Quando a equipe do MIDUS reuniu todos os dados, eles notaram outras semelhanças entre os indivíduos com fortes habilidades cognitivas. Idosos que desempenhavam tão bem quanto jovens adultos em inteligência fluida costumavam compartilhar, além de um diploma de ensino superior e a prática regular de exercícios mentais, as seguintes características:

    Eles faziam exercícios físicos frequentemente;

    Eles eram socialmente ativos, vendo amigos e familiares, voluntariando e participando de reuniões frequentemente;

    Eles eram melhores em se manter calmos diante de situações estressantes;

    Eles se sentiam mais em controle das suas vidas.

Numa época em que a perspectiva de uma vida mais longa é atormentada pelo medo do declínio mental, a possibilidade de termos algum controle sobre esse declínio com uma boa forma mental é reconfortante.

Acessado em 25.05.2012


Leia Mais ►

07 maio 2012

Super Cérebro

Um vídeo que compreendido tanto do ponto de vista familiar, como sócio-político, confirma a importância do cuidado que damos às nossas crianças.

Neste século, em que a procura pelo super-cérebro continua sendo a primazia dos estudos em vários países, vale a pena conferir, o que é mais básico para as nossas crianças.



"Este vídeo de animação dura apenas três minutos, mas traz informações que valem por toda uma vida. Produzido pelo Center on the Developing Child (CDC) da Universidade de Harvard, tem o objetivo de explicar como as experiências na Primeira Infância podem afetar a formação do cérebro da criança.O vídeo é rápido, fácil de compreender e vai diretamente ao ponto.

É um exemplo de "tradução" de conhecimento científico para uma linguagem acessível a todos, que é feita pelo CDC, nos Estados Unidos, e agora será feita também pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, por meio da parceria com o CDC de Harvard, com a David Rockfeller Center for Latin American Studies, com a Faculdade de Medicina da USP e com o Instituto de Educação e Pesquisa Insper.

Não deixe de ver Super-Cérebro. Vale a pena!

Adaptação e tradução para o português realizadas pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal."



Leia Mais ►