19 dezembro 2011

Técnica de estimulação do cérebro pode reverter Alzheimer


IG 29/11/2011 00h00


Acreditava-se que o encolhimento do cérebro, a deterioração de suas funções e a perda de memória associados ao Mal de Alzheimer eram irreversíveis. A equipe da Universidade de Toronto, no entanto, está usando uma técnica conhecida como Estimulação Cerebral Profunda, que envolve a aplicação de eletricidade em certas regiões do cérebro.

Em dois pacientes, o processo esperado de deterioração da área do cérebro associada à memória não apenas foi revertido como também voltou a crescer. As conclusões do estudo foram anunciadas durante uma conferência da Society for Neuroscience em Washington, nos Estados Unidos, em novembro, mas ainda não foram publicadas.

A Estimulação Cerebral Profunda vem sendo usada em milhares de pacientes com Mal de Parkinson e, mais recentemente, Síndrome de Tourette e depressão. No entanto, não se sabe ainda com precisão como a técnica funciona.

O procedimento é feito sob anestesia local. Um exame de ressonância magnética identifica o alvo dentro do cérebro. A cabeça é mantida em uma posição fixa, uma pequena região do cérebro é exposta e eletrodos são posicionados próximo à região do cérebro a ser estimulada. Os eletrodos são conectados a uma bateria que é implantada sob a pele perto da clavícula.

Comentando o novo estudo, o professor John Stein, da Universidade de Oxford, na Inglaterra, disse: "A maioria das pessoas diria que não sabemos por que isso funciona". A teoria de Stein é que, no Mal de Parkinson, células do cérebro ficam presas em um padrão de descargas elétricas seguidas por silêncios e, depois, novas descargas.

A estimulação contínua e em alta frequência perturbaria esse ritmo, sugere o especialista. Ele admite, no entanto, que "nem todo mundo aceitaria essa descrição".

Mistério

Sabe-se ainda menos sobre que papel a estimulação do cérebro poderia ter sobre o Mal de Alzheimer. Na doença, a região do cérebro conhecida como hipocampo é uma das primeiras a encolher. Nela funciona o centro de memória, convertendo memória de curto prazo em memória de longo prazo.

Danos a essa região produzem alguns dos primeiros sintomas do Mal de Alzheimer: perda de memória e desorientação. Nos estágios finais da condição, células morreram ou estão morrendo em todo o cérebro.

O estudo canadense envolveu seis pacientes com a condição. A estimulação foi aplicada ao fórnix, a parte do cérebro que leva mensagens ao hipocampo.

O chefe do estudo, Andres Lozano, disse que o grau esperado de encolhimento do hipocampo em pacientes com Alzheimer é em média 5% ao ano. Após 12 meses de estimulação, um dos pacientes teve um aumento de 5% e, outro, 8%. "Quão importantes são esses 8%? Imensamente importantes. Nunca vimos o hipocampo crescer em (pacientes com) Alzheimer em nenhuma circunstância", disse Lozano à BBC. "Foi uma descoberta incrível para nós. Esta é a primeira vez que se demonstra que a estimulação do cérebro em um ser humano faz crescer uma área do seu cérebro."

Em relação aos sintomas, o especialista disse: "Um dos pacientes está melhor após um ano de estimulação do que quando começou, então seu Alzheimer foi revertido, digamos assim".

Lozano disse que experimentos feitos em animais demonstraram que esse tipo de estimulação pode criar mais células nervosas. Stein disse estar "muito animado" com os primeiros resultados, mas o fator crítico seria poder demonstrar "se suas memórias melhoraram".

Milhares de pacientes com Mal de Parkinson já foram tratados com Estimulação Cerebral Profunda. A médica Marie Janson, da entidade beneficente britânica Alzheimer's Research UK, disse que seria significativo se o encolhimento do cérebro pudesse ser revertido. "Se você pudesse retardar o começo do Alzheimer por cinco anos, você cortaria pela metade o número de pessoas afetadas".

Para testar se a técnica está realmente funcionando e se assegurar de que o resultado obtido não foi um simples acaso, a equipe canadense vai fazer uma pesquisa maior.

"Uma palavra de cautela é apropriada, isto é apenas o princípio e um número muito pequeno de pacientes está envolvido".

Em abril, os pesquisadores pretendem inscrever cerca de 50 pacientes com grau médio de Alzheimer. Todos terão eletrodos implantados, mas apenas metade terá os aparelhos ligados. A equipe vai comparar os hipocampos dos dois grupos para verificar se existem diferenças.

Eles estão estudando especificamente pacientes com graus leves de Alzheimer porque dos seis pacientes estudados, apenas os dois que tinham sintomas leves melhoraram. Uma teoria que estão considerando é que após um certo grau de danos, pacientes atingem um ponto a partir do qual não existe retorno.

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15 dezembro 2011

Por que atravessar portas atrapalha a memória

Experimento realizado na Universidade de Notre Dame revela que cruzar portas provoca o esquecimento


Eis um cenário: você está atolado em tarefas no trabalho. Olha para a montanha de papéis na sua mesa e um deles indica que você precisa ir ao terceiro andar, falar com um outro membro da equipe e trazer um documento de volta. Como você está apenas dois andares acima e entrou na academia de ginástica na semana passada, decide descer dois lances de escada em vez de pegar o elevador. Você dá um último gole no seu copo de café, fecha a gaveta e sai da sala com seu celular na mão.

Planta-baixa do ambiente de testes do laboratório de Notre Dame

No caminho, um colega para e lhe cumprimenta, trocando 2 minutos de conversa com você. Alguns minutos depois, você está de frente para o seu outro colega no terceiro andar e, por um segundo, fica em dúvida se era sobre a tarefa 1 ou não a tarefa 11 do projeto que você foi tratar e qual documento você deve levar de volta. Então, você diz que já volta e parte para a sua sala novamente para ter certeza.
Segundo a psicologia moderna, o que ocorreu foi o seguinte: a informação correta não foi relevantemente bem registrada, você não prestou atenção ou tomou notas sobre o que exatamente devia fazer, não atribuiu o real valor da tarefa à sua atenção, que há fadiga, stress, muito café ou simplesmente passou tempo demais e muitas coisas pela sua cabeça, causando a incerteza quando você já estava longe de poder confirmar tudo.
Um estudo publicado pela Universidade de Notre Dame evidencia um cenário completamente diferente para esses pequenos lapsos de memória e eles tem a ver com a quantidade de portas que você cruzou do ponto A ao ponto B. Isso mesmo: as portas. Gabriel Radvansky, Sabine Krawietz e Andrea Tamplin não poderiam ser mais concisos e diretos já com o título do paper: “Cruzar portas provoca o esquecimento“.
Três experimentos foram executados com a finalidade de medir o potencial de retenção e recuperação da memória dos participantes após a condução de uma sistemática dinâmica.
O primeiro experimento consistia de 51 pessoas (31 mulheres) posicionadas diante de um ambiente virtual projetado em um monitor de 17″, tal qual um video-ame em primeira pessoa que foi criado com a ajuda do software da Valve Hammer (Half-Life), no qual navegariam por 55 salas e corredores através das setas direcionais do teclado.
O objetivo do ‘jogo’ era entrar em uma sala e pegar uma forma geométrica colorida que ficava sobre uma mesa, navegar por entre os corredores até outras salas e trocar por outros objetos deixados sobre as outras mesas. Ao pegar o objeto e transporta-lo de um lugar para outro, o participante teria então a impressão de carregá-lo como se numa mochila virtual em suas costas, uma vez que não poderia vê-lo durante o percurso após retira-lo de uma mesa/sala e partir para outro ambiente.
Algumas vezes, a distância era bem curta, de apenas uma sala logo à frente de outra. Em outras, tinham de percorrer percursos mais longos e complexos, a cruzar diversas portas e corredores. De tempos em tempos, os pesquisadores faziam perguntas ao participante indagando sobre qual objeto (forma geométrica) ele carregava ‘nas costas’.
Em ambos os dois primeiros estudos, sendo o primeiro com um monitor CRT de 17″ polegadas e o segundo experimento seguindo a mesma dinâmica, porém, com 60 pessoas (28 mulheres) navegando em um monitor de tela plana com 66″ polegadas, os resultados foram muito parecidos: as respostas se tornavam cada vez mais lentas e imprecisas em proporção à quantidade de portas que os participantes cruzavam durante seus trajetos.
Um terceiro estudo levou 48 participates (28 mulheres) a ambientes reais — não virtuais — onde os objetos eram visualizados sobre as mesas e depois colocados dentro de uma caixa de sapatos, sendo então carregados e substituídos por outros sobre novas mesas, em diversas salas do laboratório. Os indicadores apontavam na mesma direção, uma vez que as respostas iam se degenerando e empobrecendo à medida que uma quantidade maior de portas eram cruzadas na consecução das tarefas.


Salas/corredores virtuais de R.V.

Para ter certeza de que o cruzar de portas estava a provocar o esquecimento, ao invés da presunção elementar de outras teorias que apregoam que nós nos lembramos melhor de eventos nos lugares onde eles originalmente ocorreram (Princípio da Especificidade da Codificação), os cientistas compararam as duas primeiras experimentações em realidade virtual (R.V.) com aquela última em um ambiente real.
Não era apenas a distinção entre contextos ambientais que provocava o “efeito de portas” na memória. Nos estudos feitos em R.V. os participantes às vezes pegavam um objeto, atravessavam uma porta e andavam em direção a uma segunda porta que os levava diretamente para a primeira sala, onde eles pegaram o objeto pela primeira vez.
Se a conjunção de contextos espaciais era o que contava para que a memória fosse “reativada” como precisão, os participantes deveriam se lembrar de quaisquer detalhes da sala original e imediatamente dispararem seus registros de memória. Isso não aconteceu.
A experiência com o Efeito das Portas sugere que estão implicados outros fatores que vão bem além de apenas prestarmos atenção à detalhes, como algo aconteceu e o quanto nos esforçamos para nos lembrar.
Mais ainda, os pesquisadores sugerem que alguns tipos de memória têm um tempo útil e neuro-disponibilidade limitados apenas à certos contextos e por períodos de tempo diferentes daqueles que imaginamos, sendo rapidamente purgadas (deletadas) por eventos em particular e para darem lugar à novas memórias, mais úteis.
Radvansky e seus colegas chamam este tipo de compartimentação da memória de “Modelo de Eventos” e propõe que, neurologicamente, o registro de se passar por entre uma porta pode disparar uma resposta parecida com a de se deletar a memória cache do computador, fazendo com o que foi capturado na sala anterior, perca progressivamente a relevância na próxima ‘sala’.
Para mim, o curioso foi que há muitos anos eu estudei em aula um sistema chamado Método de Ioci (popularmente conhecido como A Sala Romana) que imediatamente me remeteu ao estudo em questão. (Sugestão do Blog da Expansão: leia sobre o Método de Ioci neste link: http://saude.hsw.uol.com.br/10-maneiras-de-melhorar-a-memoria8.htm) 


Aliás é um sistema mnemônico extremamente eficiente, embora exija trabalho e tenha uma certa complexidade que pode durar alguns anos. O personagem Hannibal Lecter era um proficiente mestre “cruzador de portas” pelo Método de Ioci.

De acordo com os registros históricos, o poeta Simonides introduziria aos antigos tratados da retórica romana um sistema para que se memorizassem vastos montantes de dados através da associação, organização e recuperação de informações com determinados ambientes espaciais. Nesse caso, uma intrincada construção arquitetônica de ambientes e detalhes, envolvendo símbolos, imagens, personagens, caracteres, sensações e canais sensoriais.
O método, curiosamente, atenta em diversas de suas menções para o modo correto de se “caminhar” por entre os ‘Halls do grande palácio’ para recuperar detalhes incrivelmente precisos, devendo-se ter uma atenção especial com o modo que se deve passar por entre arcos e portas, assim como também é observado pelo estudo mencionado aqui.
Ah, a beleza da ciência que se reencontra em diferentes épocas da história.
Com informações: Taylor Francis Online
In: http://tecnoblog.net/85333/atravessar-portas-causa-esquecimento/?mid=5533 acessado em 15.12.2011
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13 dezembro 2011

Mude sua atitude


Por Jairo Marques, 37, jornalista pela UFMS e pós-graduado em jornalismo social pela PUC-SP. Trabalha na Folha desde 1999. É colunista do caderno "Cotidiano"



Na semana passada, compartilhei com meus amiguinhos dos Facebook uma imagem que teve uma repercussão “zigante”. As pessoas se revoltaram, se solidarizaram, se emocionaram e cobraram mudança de atitude diante da cena...

Para quem não viu a foto, segue abaixo. O povo cego, eu já conto do que se trata...

Pois bem, Antônia Yamashita é a mãe que empurra o filho Lucas, que é pczão (tem paralisa cerebral), em uma estação de metrô.

O trem chega, ela se direciona ao vagão preferencial (com um pouco mais de espaço livre para acomodar uma cadeira de rodas) e é praticamente atropelada pela multidão.

Na foto, Antônia parada em frente à porta do Metrô e ninguém, nenhuma alma, abre espaço para que ela entre com o filho, um garoto com mais ou menos oito anos de idade. Todos, porém, observam ela e Lucas com cara de piedade.

Todo mundo sabe que o transporte público da cidade é caótico. Era final de tarde, muita gente saindo do trabalho viajando com suas próprias preocupações.

O que a dupla viveu, milhares de pessoas com deficiência vivem diariamente. O tal “serumano” tem uma dificuldade ímpar de reconhecer uma situação de desvantagem do próximo e dar a ele uma chance mínima de igualdade.

Na consciência das pessoas de bem, parece claro que o bacana seria ninguém entrasse no vagão (ou mesmo saísse dele) até que mãe e filho estivessem acomodados.

Mas todos nós, em diversos momentos do dia a dia, somos tomados por um egoísmo extremo que o “nosso” é sempre mais urgente, mais prioritário, mais importante que o de todos os outros.

Acima de ser uma pessoa com deficiência, penso eu, Lucas é uma criança e não existe nesse universo pressa e urgência maiores do que as de crianças.

A revolta da gente vale pouco se não nos policiamos para tentar ser diferente, agir diferente. E isso vale para os próprios ‘malacabados’ que muitas vezes se vitimizam ou supervalorizam suas necessidades para levar vantagem.

Pensar e analisar a realidade alheia na vida cotidiana ajuda a construir mais cidadania, fortalece o espírito de humanidade e evita que mais pessoas duram com um sabor amargo de injustiça na boca.


Esse comercial da AACD, que saiu do forno faz pouquinho tempo, também faz uma reflexão importante sobre como podemos tratar o outro como “invisível” (o tio já escreveu um bocado sobre isso, para ler uma história, clica no bozo ) e quanto uma atitude assim pode afetar a vida das pessoas...



Em tempo: Antônia escreveu recentemente um livro em que conta sua experiência de ter tido um filho com paralisa cerebral. Chama-se “A trajetória de uma mãe especial - O milagre da vida”, da editora Nilobook. Veja link abaixo:
In: http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/ Acessado dia 13.12.2011


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06 dezembro 2011

Reportagem para o SIMPI - Produtos Assistivos

Quando recebemos o pedido de participar de um programa de televisão, sempre ficamos honrados, mas preocupados.
Como em poucos minutos transmitir a complexidade do nosso trabalho?
Principalmente, quando a pauta do programa, busca basicamente incentivar os empresários das pequenas empresas?
Para nós, quase sempre, é importante mostrar nosso processo de desenvolver, produzir e aplicar produtos assistivos.
Esse processo que está permeado de criatividade, inventividade, com a contribuição de muitos profissionais nas diferentes áreas de atuação e que envolve uma ausculta junto aos usuários, familiares, terapeutas, clínicas, e que busca atender aos padrões de qualidade de produção e acompanhamento.
Nosso Laboratório de Tecnologia Terapêutica  gera recursos assistivos para a Educação, Saúde, Lazer, Acessibilidade, contribuindo sobremaneira para a inclusão social e cultural, e  entende que esse vídeo não aborda essas questões, mas entende também que é muito oportuno sempre veicular informações sobre produtos assistivos e terapêuticos uma vez que ainda há muito desconhecimento de todos os setores da sociedade nesse sentido.
Fica aqui então a reportagem, com a edição que o SIMPI, julgou adequada.


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02 dezembro 2011

Aprenda com seus erros para aprender melhor



Aprenda com seus erros para aprender melhorUma vez o famoso físico Niels Bohr definiu um especialista como sendo “uma pessoa que cometeu todos os erros que podem ser cometidos numa área muito pequena do conhecimento”. Essa frase resume uma lição básica do processo de aprendizagem que nos ensina que as pessoas aprendem a fazer o certo errando repetidas vezes.

A ciência tem demonstrado que a forma com a qual a pessoa reage aos seus erros, bem como o tipo de elogio que ela recebe após seu sucesso, afetam o seu processo de aprendizagem.

Uma pesquisa recém publicada nos EUA procura responder uma pergunta muito simples: Por que algumas pessoas são muito mais efetivas em aprender com seus erros? Afinal de contas, todo mundo comete falhas, mas o mais importante é o que vem em seguida. Ignoramos a falha, deixando-a de lado em nome da nossa auto-confiança? Ou investigamos o erro, procurando aprender com a situação?

Utilizando equipamentos de eletro-encefalografia (EEG), os pesquisadores conseguiram medir dois tipos distintos de sinais emitidos pelo cérebro em reação a um erro. A primeira reação é chamada de negatividade relacionada ao erro, uma reação inevitável quando se comete uma falha. A segunda reação, conhecida como positividade ao erro, ocorre logo após a primeira e está associada à atentividade, quando prestamos atenção ao erro e tentamos aprender com ele.

Os pesquisadores buscaram entender como as crenças sobre aprendizagem podem influenciar esses sinais quase involuntários do cérebro. Para isso, eles utilizaram um conceito proposto por uma famosa psicóloga, Carol Dweck, em que as pessoas podem ser divididas entre as que possuem uma mentalidade fixa – aquelas que acreditam que têm uma certa quantidade de inteligência e não se pode fazer muito para mudá-la – e as que possuem uma mentalidade de crescimento – as que acreditam que se pode melhorar em quase tudo, desde que se invista o tempo e energia necessários.

Essa pesquisa confirmou que as pessoas que possuíam uma mentalidade de crescimento eram significativamente melhores em aprender com seus erros. E o interessante é que os dados de EEG mostraram que essas pessoas produziam um sinal de positividade ao erro muito maior (em quase três vezes), indicando atenção ampliada aos seus erros. Como esses indivíduos pensavam mais sobre em que erraram, eles aprendiam a acertar.

A pesquisa original de Dweck, publicada há mais de uma década, se mostrou revolucionária e trouxe importantes implicações práticas para a educação. Dentre os diversos estudos realizados por sua equipe, o que ficou mais famoso foi aquele em que os pesquisadores aplicavam um teste a uma criança e, ao final, apresentavam a nota junto com uma única frase de elogio à criança. Metade das crianças foi elogiada por sua inteligência: “Você deve ser muito inteligente nisso”. A outra metade foi elogiada por seu esforço: “Você deve ter se esforçado bastante”. As crianças depois eram solicitadas a escolher entre dois testes. A primeira opção era descrita como mais difícil, mas que aprenderiam mais ao tentar fazê-lo. A outra era um teste fácil, similar ao que acabaram de fazer.

Quando a pesquisadora estava planejando a experiência, ela esperava que os diferentes elogios tivessem um efeito apenas modesto, mas logo ficou claro que eles afetavam dramaticamente a escolha dos testes subsequentes. Das crianças elogiadas pelo seu esforço, quase 90% escolheu o teste mais difícil. Entretanto, das crianças elogiadas pela sua inteligência, a maioria optou pelo mais fácil. O que explica essa diferença? De acordo com Dweck, elogiando as crianças por sua inteligência as estimulamos a “parecer” inteligente, o que significa que elas não devem arriscar cometer um erro.

Outros cinco estudos foram realizados e comprovaram que as crianças elogiadas pelo seu esforço conseguiram aprender mais, pois passavam a encaram os erros como oportunidades de aprender e melhorar, enquanto que as elogiadas pelo desempenho passavam a encarar os erros como falta de habilidade.

Em geral, os estudos ilustram o importante papel que o elogio após um sucesso pode desempenhar na motivação posterior de crianças. Um elogio sincero pela inteligência, cuja intenção é inflar a satisfação, persistência e desempenho escolar de uma criança, não a prepara para lidar com reveses. Na verdade, foi demonstrado que esse tipo de elogio pode enfraquecer a motivação da criança quando ela for confrontada com um grande desafio mais tarde.

Portanto, a recomendação para os pais e educadores é que o elogio deve ser direcionado às estratégias e hábitos utilizados pela criança e não à sua habilidade. Dessa forma, as crianças serão estimuladas a não evitar os tipos de atividades de aprendizagem mais úteis, aqueles em que elas aprendem com seus erros. A não ser que experimentemos os desagradáveis sintomas de estarmos errados – aquela segunda reação do cérebro que nos torna mais atentos àquilo que queremos ignorar – nossa mente nunca irá revisar seus conceitos.

Tente você também experimentar algo novo e lembre-se de aprender com os seus erros.

In: http://www.cerebromelhor.com.br/novidades.asp?utm_source=Virtual+Target&utm_medium=email&utm_content=&utm_campaign=Newsletter_2011_33_cad&utm_term

Acessado em 02.12.2011
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