25 junho 2013

Cientista quer vender barata-ciborgue por $99 - para ensinar Neurociências

Com informações da BBC - 13/06/2013




Um projeto lançado para criar "baratas ciborgues", controladas por celular, será lançado esta semana em uma conferência de tecnologia, entretenimento e design na cidade de Edimburgo, na Escócia.
Um dos lançamentos mais aguardados do evento TEDGlobal, especializado em novas tecnologias, é a chamada barata-robô, ou "RoboRoach" (em referência acockroach, barata em inglês).
O inseto ciborgue é uma criação do neurocientista Greg Gage, que afirma que o objetivo da criação dos insetos ciborgues é didática, estimulando estudantes a se interessar por neurociências.
Mas, como a ideia é colocar o kit ciborgue a venda pela internet - o preço sugerido é de US$99,00 - a proposta também está sendo alvo de críticas.
Brincando de neurocientista
Para ser "adaptada", a barata viva recebe uma espécie de mochila, com ligações diretas para os neurônios de suas antenas, que enviam informações para o cérebro por meio de impulsos elétricos.
Segundo Gage, o inseto é submetido então a uma pequena cirurgia com anestesia para conectar os fios às antenas.
Os movimentos dos insetos podem então ser controlados por uma conexãobluetooth, através de um computador ou de um telefone celular.
"Não é apenas um truque. Usamos a mesma técnica empregada para tratar o mal de Parkinson e os implantes cocleares (auditivos)", explica Gage. "O objetivo é criar uma ferramenta para aprender como o cérebro funciona."
O kit de materiais - que inclui as mochilas removíveis, baterias, eletrodos e baratas - destina-se principalmente a escolas do ensino médio.
"É um jeito de entender as propriedades dos neurônios e de aplicar o pensamento crítico à maneira como eles trabalham", diz ele. Segundo o site da empresa, o kit permite que todos se transformem em neurocientistas.
Desconstruindo insetos
Gage afirmou que o lado ético de se trabalhar dessa maneira foi muito debatido, em relação ao tratamento dado às baratas.
"Estamos muito confiantes de que o experimento não provoca dor no inseto e de que as baratas continuam a controlar suas vontades, porque se adaptam muito rapidamente e ignoram o estímulo," diz Gage.
No entanto, a Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais no Reino Unido (RSPCA por sua sigla em Inglês), expressou preocupação. "Acreditamos não ser apropriado incentivar crianças desmantelar e desconstruir insetos", disse um porta-voz.
"O fato de um neurocientista estar 'muito seguro' de que não está provocando dor não é suficiente. Há muitos estudos fascinantes envolvendo insetos que podem ajudar as crianças a aprender e que não envolvem danos deliberados aos animais", acrescentou.
Na verdade, Cage parece ter sido o primeiro a querer ganhar dinheiro com a técnica, mas a lista de insetos ciborgues criados por cientistas é longa:

Acessado dia 25 de Junho de 2013
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18 junho 2013

A interface cérebro-cérebro


"Experiência do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis comprova a 

transferência de atividades elétricas cerebrais entre dois roedores. 

Na prática, os animais trocaram informações para resolver tarefas 

à distância. Esse é apenas o primeiro passo para a chamada internet 

cerebral. Quem dá os detalhes do estudo é o próprio pesquisador."



Marcos Grinspum Ferraz

























"Imagine uma internet cerebral, na qual é possível se conectar às
outras pessoas sem precisar falar, visualizar uma tela ou mesmo
digitar em qualquer tipo de teclado ou monitor touch sreen. Se
depender do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, essa idéia,
aparentemente fantasiosa, poderá um dia se tornar realidade.
Mais surpreendente do que isso: os primeiros passos em direção 
a essa intenção já estão dados. Em estudo recente, que chamou a 
atenção da comunidade científica e da mídia internacional, 
Nicolelis conseguiu conectar, como nunca antes foi feito, os cérebros
de dois ratos que estavam em continentes diferentes, fazendo com 
que eles colaborassem na resolução de um problema.


O trabalho, publicado na Scientific Reports, é parte de uma
nova linha de pesquisa batizada de Interface
Cérebro-Cérebro (ICC), uma variante da Interface
Cérebro-Máquina (ICM), com a qual Nicolelis e seu
grupo já trabalham há anos no Centro Médico da
Universidade de Duke (Durham, EUA) e no Instituto
Internacional de Neurociências de Natal (Rio Grande do Norte).
De maneira resumida, a ICM possibilita a transmissão da atividade
elétrica do cérebro para algum receptor à distância, o que significa 
transformar pensamentos em comandos digitais que possam ser
“compreendidos” pelas máquinas. A ICC, por sua vez, é a
transferência das mesmas atividades elétricas, mas entre dois ou
mais cérebros.


A ideia do cientista em desenvolver a pesquisa com ICC surgiu 
por volta de 2005, segundo ele, mas foi só em 2010 que Nicolelis
escreveu pela primeira vez sobre o conceito de Brain Net
 (a internet cerebral). No mesmo ano, começou a colocar em 
prática experiências com ratos. O estudo progrediu rapidamente 
e chega agora aos primeiros resultados.
















Carolina Kunicki, da equipe de Miguel Nicolelis, verifica o registro das
atividades cerebrais dos ratos enquanto executam suas tarefas



A experiência


Na prática, o grupo do cientista possibilitou que os dois roedores
se comunicassem para resolver tarefas simples. No experimento,
um animal no Brasil, designado “codificador”, tinha duas alavancas
à frente e uma luz sinalizava qual delas ele deveria pressionar para
receber uma recompensa líquida. Os impulsos, captados por meio
de microeletrodos implantados no cérebro do rato, foram
transmitidos ao rato “decodificador”, que estava nos EUA.
Ele tinha os mesmos tipos de alavanca à frente, mas nenhuma
indicação luminosa. Para acertar a tarefa e receber a recompensa,
o segundo roedor dependia, portanto, do sinal transmitido pelo primeiro.















No experimento, um roedor localizado no Brasil, chamado codificador,
tinha duas alavancas à frente e uma luz sinalizava qual delas
le deveria pressionar para receber uma recompensa.
Os impulsos, captados por meio de microeletrodos implantados
no cérebro dele, foram transmitidos para o rato que estava nos EUA,
que tinha os mesmos tipos de alavanca à frente, mas nenhuma
indicação luminosa. para acertar a alavanca, o segundo roedor
dependia do sinal transmitido pelo primeiro. quando o rato nos
EUA errava, o do Brasil alterava seu comportamento na tentativa
de ajudá-lo.

Como os animais cooperaram para resolver o problema com grau
de até 70% de acerto, os autores da pesquisa afirmam que foi
estabelecida uma ligação direta e sofisticada entre dois cérebros.
Ocorreu também que, quando o “decodificador” errava, o “codificador”
alterava seu comportamento para tentar ajudá-lo na resolução da tarefa,
o que significa que houve comunicação de mão dupla. Segundo Nicolelis,
esse tipo de ligação pode se tornar a base de uma espécie de computador
orgânico: “Significa que nós criamos uma nova plataforma experimental
na confluência da neurociência e da ciência da computação, que pode
ser usada tanto para explorar mecanismos básicos do cérebro como
novas arquiteturas computacionais convencionais”, explicou, em
entrevista à INOVAÇÃO!Brasileiros.


Melhor que o cérebro eletrônico

Para levar adiante a pesquisa, o cientista aponta os próximos passos.
De um lado, serão feitos testes com uma rede maior de cérebros, com
quatro ratos interconectados, que poderão comprovar ou não a hipótese
de que “mais cabeças juntas pensam melhor”. De outro lado, o
pesquisador já começou a realizar trabalhos com macacos, que podem
ser treinados em tarefas mais elaboradas e, assim, usar mensagens mais
complexas para serem transmitidas pela ICC. O neurocientista argumenta
que esse tipo de “rede de cérebros” tem a potencialidade de realizar tarefas
que um computador normal não faria.
“Existem certos problemas que uma máquina não consegue realizar. E são
problemas que cérebros de mamíferos têm muita facilidade em resolver e
envolvem a habilidade de adaptação a novos ambientes e ter soluções
inovadoras. O computador faz o que foi programado, o cérebro consegue
generalizar soluções”, afirma. E se isso é verdadeiro no caso dos animais,
para os quais Nicolelis propôs o conceito de computador orgânico, a
potencialidade da ICC é infinitamente maior no caso humano.
Surge daí o conceito de Brain Net, um passo ainda mais avançado na linha
de pesquisa. “A ideia é, basicamente, no futuro e com métodos não invasivos,
permitir que todos nós naveguemos a internet só pensando! “Seria como
estar imerso em um meio de transmissão da atividade elétrica do cérebro,
que nos permitisse trocar informações. Não só coisas complexas, mas sinais
inteligíveis, que nos deixasse interagir em um meio diferente. É quase uma
nova linguagem”, diz Nicolelis.
De qualquer modo, internet cerebral é apenas um conceito teórico no 
momentoe ainda impossível ter qualquer previsão concreta de quando 
algo do tipo poderá ocorrer. Décadas ou séculos, não se sabe. Mas a 
velocidade dos avanços nos estudos com ratos e macacos não deixa de 
ser animadora, segundo Nicolelis.
No caso humano, um dos entraves são os equipamentos necessários para 
ler e transmitir sinais elétricos produzidos pelo cérebro. Se nos animais foram 
usados implantes (como microeletrodos) instalados, isso não é possível nem 
desejável em humanos. “A ideia seria que fosse com equipamentos não 
invasivos. Essa é a dificuldade em e fazer isso agora. Já existem equipamentos 
que leem sinaiselétricos do cérebro, mas ainda são muito pouco precisos. 
E a comunicação seria muito rudimentar”. Mas, também na evolução 
desses equipamentos,Nicolelis é otimista quanto aos avanços para os 
próximos anos. Além deNicolelis os coautores desse estudo foram 
Miguel Pais Vieira, Mikhail Lebedev, Jin Wang e Carolina Kuricki.



Andar novamente


Se tudo ocorrer como previsto, a apresentação na abertura da

Copa será, segundo Nicolelis, uma demonstração do potencial da
pesquisa para reabilitar milhões de pessoas. “No futuro, será
possível que pacientes tetraplégicos aproveitem essa tecnologia
não apenas para mover seus braços e mãos e voltar a andar,
mas também para sentir a textura de objetos colocados em
suas mãos ou perceber detalhes táteis das superfícies em que
passeiam com a ajuda de um exoesqueleto robótico.”

Diferentemente do caso da internet cerebral, podemos esperar,
para um futuro muito mais próximo, a criação de uma série de
neuropróteses capazes de restaurar funções motoras essenciais
em pacientes que sofreram graves níveis de paralisia corpórea.

Por fim, seja pelos estudos com Interfaces Cérebro-Máquina ou com
Interfaces Cérebro-Cérebro, o fato é que muito se espera do
neurocientista Miguel Nicolelis e de sua equipe de pesquisadores.
Ao contrário de outros projetos científicos que não prometem mudanças
para a vida prática das pessoas, as pesquisas do brasileiro trazem
grandes expectativas de transformação nos rumos da humanidade.
Transformações que podem acontecer em breve ou não, mas que
já mostram seus caminhos."

























acessado dia 18.06.2013

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