04 maio 2016

As crianças pequenas devem ser protegidas da iatrogenia em adequação postural (seating)


A escola de Ergonomia na década de 80, já apontava que o ângulo ideal entre encosto e assento, para o adequado posturamento da coluna, deve ser maior que 100º. Assim sendo toda a cadeia de fabricação de mobiliário para escritório, para espaços públicos, bem como residenciais, hospitalares, passaram a atender a normatização internacional, de anatomia moveleira, com ângulos entre encosto e assento, por volta entre 95º e 100º. Quanto maior permanência da pessoa sentada, o ângulo deveria ser projetado em torno de 100º, ou acima dele. Essa norma ergonômica é praticada em todos os países, inclusive em equipamentos para pessoas com deficiências.
Os mais recentes estudos apontam que ângulos entre encosto e assento inferiores a 95º são responsáveis pelas escolioses e dores em crianças sem deficiência. Segundo o Dr. Bashir, que fez uma pesquisa envolvendo centenas de pessoas e sua pesquisa foi muito divulgada pela mídia internacional, porque ele afirma que os pais não deveriam pedir para seus filhos sentarem eretos, pois essa posição provocava degeneração aos discos intervertebrais.
Selecionamos um parágrafo do texto de sua pesquisa: “Foi demonstrado através de imagens com ressonância que num período de 10 minutos, quando um ser humano está sentado na postura de 90º entre encosto e assento, começam haver sinais de perda de água nos discos intervertebrais. Basta pensar que no dia a dia, ano após ano, haverá degeneração, porque essa postura que não faz bem ao corpo.”
(BASHIR, W.; TORIO, T.; SMITH, F.; TAKAHASHi, K.; POPE, M. Alterations of Lumbosacral Curvature and Intervertebral Disc Morphology in Normal Subjects in Variable Sitting Positions Using Whole-body Positional MRI. Anais… Illinois Annual Meeting of the Radiological Society of North America (RSNA), 2006, p.1. )


Mas infelizmente, apesar da Expansão, vir divulgando há 25 anos, esse conceito básico para o sentar, ainda muitos profissionais, em aulas de adequação postural e de confecção de mobiliários escolares e residenciais ( cantinhos, mesas, cadeirinhas, etc) continuam promovendo a aplicação do ângulo entre encosto e assento de 90º. 
Justamente as crianças que já apresentam alteração de tônus, alteração na regulação de músculos agonistas, antagonistas e sinergistas, além de dificuldades de transferência de peso, de manutenção do equilíbrio e controle do tronco, bem como alterações em informações proprioceptivas, são aquelas que não recebem o conhecimento ergonômico e científico mais eficaz.
Tem sido um dos maiores problemas em Tecnologia Assistiva, no Brasil, a falta de estudo científico com bases em evidência, especialmente, adequação postural, por parte de quem faz e pratica adequação postural. E esse “problema” afeta infelizmente as nossas crianças, adolescentes e adultos que estarão sujeitos às consequências danosas ( Iatrogenia) em sua adequação postural pela elaboração e execução inadequadas.





Estamos a disposição para quaisquer esclarecimentos, para quem quiser aprofundar seu conhecimento nesse assunto. (Gisleine Martin Philot)
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06 fevereiro 2014

O que podemos fazer com crianças (2 a 4 anos) com Paralisia Cerebral de grau V* (severo) ?







*Figura 1: GMFCS e porcentagens  aproximadas em cada grupo  Fonte: Adaptada de Agarwal & Verma, 2012 por Gisleine Martin Philot (artigo em elaboração)


Toda criança com dois anos é uma buscadora de informações. Em muitos aspectos e sentidos. Está estabelecendo relações de comparações e precisa confirmar essas impressões de várias formas. E o adulto mais próximo é a quem ela irá recorrer, através do olhar, comunicação corporal, gestual e verbal para a:  permissão ou não,  surpresa, o perigo,  confronto, reconhecimento.
Sem dúvida um adulto afetivamente ligado à essa criança, como seus pais, seus parentes mais próximos, seu professor, cuidador servirão de maior referencia às perguntas e respostas, pois todo o sistema emocional da criança  irá reforçar ou não suas aprendizagens.
A criança  com paralisia grave, na maior parte das vezes, não está comprometida intelectualmente, buscando e sentindo as mesmas expectativas de experimentações.
Assim, a complexidade da coordenação motora no corpo como um todo, afetando linguagem, controle de cabeça e coordenação motora, faz com que essa criança deixe de manipular e inquirir precisamente. (usando todas as expressões de comunicação).
Como profissionais responsáveis pelas atividades diárias dessas crianças, precisamos estabelecer um calendário de atividades-brincadeiras que abasteçam essa pequena criança de diversas oportunidades de vivências, durante determinado período. Evidenciamos e sublinhamos que o posicionamento corporal irá facilitar ou não essa entrada de conhecimento.
Segue o calendário de atividades (tabela 1 ) e relação de códigos x atividades. (tabela 2)
                         
                                 Tabela 1: Calendário de Atividades




Tabela 2: Relação de códigos e atividades



Observações: devido a configuração interna do blogger, as tabelas 1 e 2 estão muito pequenas para visualização deixo meu e-mail abaixo para solicitação de tabelas com resolução maior


A seguir as fotos que identificam as atividades, os recursos assistivos, e considere o leitor, que a assessoria de uma Terapeuta Ocupacional é fundamental para determinar tamanho de imagens, conteúdo cognitivo, cores a serem exploradas, campo visual circunscrito a cada posicionamento, calibragem sensorial para os diversos sentidos, direção, velocidade, e arco de movimento na Integração Sensório Motora, e principalmente os devidos posicionamentos e facilitações motoras.
Algumas das fotos exemplificadoras a seguir.

Facilitações Motoras:












Aprendizagens Sensoriais e Cognitivas


Mal posicionamento causa deformidades principalmente na coluna vertebral e decresce nível de atenção. Cintas circulares como essa, não impendem os reflexos extensores.Esta criança está com: retroversão de quadril, extensão dos membros inferiores em adução do quadril,  campo visual prejudicado. A ausência de uma mesa, para a realização de atividades, deixa a mesma sem contato visual e oportunidades de experienciar sensações e manuseios.




Perfeito posicionamento nesta foto, os braços e a cabeça estão liberados para explorarem as bolas. O corpo do adulto pode fazer pequenas manobras de transferência peso que ajudam a normalizar o tônus, desenvolver controle de cabeça, e favorecem a simetria dos membros superiores, com um excelente contato visual.







 A exploração com massa comestível mais líquida favorece a estimulação gustativa, olfativa (se adicionado um corante natural) e táctil.


Rolos, para massa,  ajudam a manter os braços simétricos e facilitam a preensão, porém escolha um rolo que desliza fácil, há novos modelos que são feitos com os seguradores independentes do rolo. A atividade com as bolinhas é de efeito rápido: ação-reação facilitando à criança a realização e a auto-estima. Todas as atividades abaixo envolvem estímulos sensoriais: peso, profundidade, dureza, maleabilidade, viscosidade, ruídos, sonoridade, texturas, etc, assim como são importantes para a coordenação braço/mão/olho.












Função Simbólica
























Tablets, computadores, programas, comunicadores, demais  recursos assistivos: vide referência abaixo do blog da Terapeuta Ocupacional Miriam Pelosi.   De confecção simples caixa de confecção caseira favorece a utilização da mão inteira aberta ou fechada para acionar o clique.


                                     

                             Prancha, livro, cartela de comunicação

  


Recursos da Expansão para Integração Sensório Motora 
(Combining NDT e SI)































Recursos Assistivos da Expansão









  



























Cantinho Dinâmico


                  Triciclos adaptados








Conjunto Escolar Maternal a esquerda e TFK Postural a direita
                                                                                 











  
                        
               
O primeiro andador para paralisia cerebral no mundo o Transfer e  o equipamento para a posição de pé o Ergotrol, que previne deformidades e tem inúmeras regulagens.

Mais uma vez coloco-me à inteira disposição, esclarecendo que este post não se trata de um receituário, e sim de um condutor exemplificado, para que pais e profissionais possam juntos, viabilizar o mais precocemente e adequadamente a funcionalidade da criança com grave paralisia cerebral. Má adequação postural é causa de iatrogenia. Mediar e conduzir as criança graves à variadas experimentações é confirmar às mesmas suas capacidades e desafios, fortalecendo auto-estima e realização pessoal. Apropriar-se do empoderamento.

Observações: devido a configuração interna do blogger, as tabelas 1 e 2 estão muito pequenas para visualização deixo meu e-mail para solicitação de tabelas com resolução maior.

E-mail : gisleine@expansao.com

Gisleine Martin Philot
Terapeuta Ocupacional
Mestranda em Engenharia Mecânica - UNICAMP
Especialista em Tratamento Neuroevolutivo - Baby Course
Especialista em Integração Sensorial
Consultora Internacional em Tecnologia Assistiva

Site da Expansão, Laboratório de Tecnologia Terapêutica

Blog da Terapeuta Ocupacional Miriam Pelosi referencia em TA no Brasil

Como confeccionar uma calça de posicionamento

Excelentes dicas no Blog da Terapeuta Ocupacional Beth Prado

Quer saber mais sobre Terapia Ocupacional?



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