02 dezembro 2011

Aprenda com seus erros para aprender melhor



Aprenda com seus erros para aprender melhorUma vez o famoso físico Niels Bohr definiu um especialista como sendo “uma pessoa que cometeu todos os erros que podem ser cometidos numa área muito pequena do conhecimento”. Essa frase resume uma lição básica do processo de aprendizagem que nos ensina que as pessoas aprendem a fazer o certo errando repetidas vezes.

A ciência tem demonstrado que a forma com a qual a pessoa reage aos seus erros, bem como o tipo de elogio que ela recebe após seu sucesso, afetam o seu processo de aprendizagem.

Uma pesquisa recém publicada nos EUA procura responder uma pergunta muito simples: Por que algumas pessoas são muito mais efetivas em aprender com seus erros? Afinal de contas, todo mundo comete falhas, mas o mais importante é o que vem em seguida. Ignoramos a falha, deixando-a de lado em nome da nossa auto-confiança? Ou investigamos o erro, procurando aprender com a situação?

Utilizando equipamentos de eletro-encefalografia (EEG), os pesquisadores conseguiram medir dois tipos distintos de sinais emitidos pelo cérebro em reação a um erro. A primeira reação é chamada de negatividade relacionada ao erro, uma reação inevitável quando se comete uma falha. A segunda reação, conhecida como positividade ao erro, ocorre logo após a primeira e está associada à atentividade, quando prestamos atenção ao erro e tentamos aprender com ele.

Os pesquisadores buscaram entender como as crenças sobre aprendizagem podem influenciar esses sinais quase involuntários do cérebro. Para isso, eles utilizaram um conceito proposto por uma famosa psicóloga, Carol Dweck, em que as pessoas podem ser divididas entre as que possuem uma mentalidade fixa – aquelas que acreditam que têm uma certa quantidade de inteligência e não se pode fazer muito para mudá-la – e as que possuem uma mentalidade de crescimento – as que acreditam que se pode melhorar em quase tudo, desde que se invista o tempo e energia necessários.

Essa pesquisa confirmou que as pessoas que possuíam uma mentalidade de crescimento eram significativamente melhores em aprender com seus erros. E o interessante é que os dados de EEG mostraram que essas pessoas produziam um sinal de positividade ao erro muito maior (em quase três vezes), indicando atenção ampliada aos seus erros. Como esses indivíduos pensavam mais sobre em que erraram, eles aprendiam a acertar.

A pesquisa original de Dweck, publicada há mais de uma década, se mostrou revolucionária e trouxe importantes implicações práticas para a educação. Dentre os diversos estudos realizados por sua equipe, o que ficou mais famoso foi aquele em que os pesquisadores aplicavam um teste a uma criança e, ao final, apresentavam a nota junto com uma única frase de elogio à criança. Metade das crianças foi elogiada por sua inteligência: “Você deve ser muito inteligente nisso”. A outra metade foi elogiada por seu esforço: “Você deve ter se esforçado bastante”. As crianças depois eram solicitadas a escolher entre dois testes. A primeira opção era descrita como mais difícil, mas que aprenderiam mais ao tentar fazê-lo. A outra era um teste fácil, similar ao que acabaram de fazer.

Quando a pesquisadora estava planejando a experiência, ela esperava que os diferentes elogios tivessem um efeito apenas modesto, mas logo ficou claro que eles afetavam dramaticamente a escolha dos testes subsequentes. Das crianças elogiadas pelo seu esforço, quase 90% escolheu o teste mais difícil. Entretanto, das crianças elogiadas pela sua inteligência, a maioria optou pelo mais fácil. O que explica essa diferença? De acordo com Dweck, elogiando as crianças por sua inteligência as estimulamos a “parecer” inteligente, o que significa que elas não devem arriscar cometer um erro.

Outros cinco estudos foram realizados e comprovaram que as crianças elogiadas pelo seu esforço conseguiram aprender mais, pois passavam a encaram os erros como oportunidades de aprender e melhorar, enquanto que as elogiadas pelo desempenho passavam a encarar os erros como falta de habilidade.

Em geral, os estudos ilustram o importante papel que o elogio após um sucesso pode desempenhar na motivação posterior de crianças. Um elogio sincero pela inteligência, cuja intenção é inflar a satisfação, persistência e desempenho escolar de uma criança, não a prepara para lidar com reveses. Na verdade, foi demonstrado que esse tipo de elogio pode enfraquecer a motivação da criança quando ela for confrontada com um grande desafio mais tarde.

Portanto, a recomendação para os pais e educadores é que o elogio deve ser direcionado às estratégias e hábitos utilizados pela criança e não à sua habilidade. Dessa forma, as crianças serão estimuladas a não evitar os tipos de atividades de aprendizagem mais úteis, aqueles em que elas aprendem com seus erros. A não ser que experimentemos os desagradáveis sintomas de estarmos errados – aquela segunda reação do cérebro que nos torna mais atentos àquilo que queremos ignorar – nossa mente nunca irá revisar seus conceitos.

Tente você também experimentar algo novo e lembre-se de aprender com os seus erros.

In: http://www.cerebromelhor.com.br/novidades.asp?utm_source=Virtual+Target&utm_medium=email&utm_content=&utm_campaign=Newsletter_2011_33_cad&utm_term

Acessado em 02.12.2011

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