06 setembro 2011

Turbinando a criatividade com técnicas não convencionais




Todas as pessoas são criativas, ou seja, possuem a habilidade de pensar em ideias e conceitos originais. A criatividade pode ser medida e é tão importante quanto a inteligência para o aprendizado de novas informações.

Já há evidências científicas demonstrando que a criatividade pode ser melhorada por meio de estimulação cognitiva. No entanto, há momentos que até a pessoa mais criativa fica sem inspiração, começa a andar em círculos e se vê em um beco sem saída. Então, apresentamos a seguir sete técnicas não convencionais, baseadas em pesquisas científicas, para turbinar a criatividade:

1. Distância psicológica

Quando há impasses criativos, as pessoas geralmente recomendam a separação física do problema, como fazer uma pausa. Mas a distância psicológica pode ser tão útil quanto.

Participantes de um estudo, que foram preparados para pensar que estavam distantes da fonte da tarefa, resolveram o dobro de problemas de percepção do que os que foram preparados com proximidade da tarefa (Jia et al., 2009).

Dica: Tente se imaginar distante da tarefa criativa, desconectado do local em que você se encontra. Isto deve estimular o pensamento em nível mais elevado.

2. Avanço rápido no tempo

Assim como a distância psicológica, a distância cronológica também pode melhorar a criatividade.

No estudo de Forster et al. (2004), os participantes foram questionados a pensar sobre como seriam suas vidas daqui a um ano. Eles foram mais perspicazes e criaram mais soluções criativas para o problema do que os que estavam pensando como seriam suas vidas amanhã.

Pensando com distanciamento tanto de tempo quanto de espaço, parece que induzimos a mente a pensar de forma abstrata e, consequentemente, de forma criativa.

Dica: Projete-se adiante no tempo. Visualize a tarefa criativa a uma distância de um, dez ou cem anos.

3. Estímulo do absurdo

A mente é desesperada para fazer sentido ou conexões com as experiências vividas. Quanto mais absurdos ela experimenta, mais duro ela tem que trabalhar para encontrar sentido.

Participantes de um estudo leram um conto absurdo de Franz Kafka antes de completar uma tarefa de reconhecimento de padrões (Proulx, 2009). Em comparação com o grupo de controle, aqueles que leram o conto demonstraram uma habilidade subconsciente elevada para reconhecer padrões escondidos.

Dica: Leia Alice no País das Maravilhas, a Metamorfose, de Kafka, ou qualquer outra obra absurda. O absurdo é uma “ameaça ao sentido” que melhora a criatividade.

4. Uso do mau humor

Estados emocionais positivos aumentam a resolução de problemas e o pensamento flexível, e geralmente são considerados mais condutivos para a criatividade. Ao contrário do que muitos acreditam, se canalizadas, as emoções negativas também têm o poder de turbinar a criatividade.

Um estudo feito com 161 empregados de uma empresa descobriu que a criatividade aumentou quando emoções tanto positivas quanto negativas estavam em alta (George & Zhou, 2007). Parecia que eles estavam conseguindo usar o drama no local de trabalho de forma positiva.

Dica: Mau humor pode ser um assassino de criatividade, mas tente encontrar maneiras de usá-lo. Você poderá ficar surpreso com o que acontece.

5. Combinando opostos

Entrevistas com 22 premiados pelo Nobel em fisiologia, química, medicina e física, como também com escritores ganhadores do Prêmio Pulitzer e outros artistas, mostraram uma surpreendente similaridade nos processos criativos (Rothenberg, 1996).

Chamado de “Pensamento Janusiano”, do deus romano de muitas caras Janus, o processo envolve conceber múltiplos opostos simultâneos. Ideias integrativas emergem de justaposições, que geralmente não são óbvias no produto, teoria ou obra de arte finais.

O físico Niels Bohr pode ter usado o pensamento Janusiano para conceber o Princípio da Complementaridade na teoria quântica (que a luz pode ser analisada tanto como uma onda ou como uma partícula, mas nunca simultaneamente como as duas).

Dica: Monte oposições impossíveis, tente combinações ridículas, busque o imprevisível e impensável. Se tudo o mais falhar, reze para Janus.

6. Caminho de maior resistência

Quando pessoas tentam ser criativas, elas geralmente vão pelo caminho de menor resistência, construindo sobre ideias existentes (Ward, 1994). Isto não é um problema, desde que você não ligue para variações sobre um mesmo tema.

Se você quer algo com maior grau de ineditismo, entretanto, pode ser limitador você apoiar seu raciocínio no que já existe. O caminho de “maior” resistência pode levar a soluções mais criativas.

Dica: No caminho de menor resistência, qualquer um o trilha para cima e para baixo. Tente sair da estrada.

7. Reconceitualização

As pessoas em geral saltam rápido demais para as respostas, antes de realmente pensarem sobre a pergunta. Pesquisas sugerem que investir tempo reconceitualizando o problema é benéfico.

No estudo de Mumford et al. (1994), descobriu-se que os participantes do experimento produziram ideias de melhor qualidade quando forçados a reconceber o problema de diferentes formas antes de tentarem resolvê-lo.

Dica: Esqueça a solução por hora, concentre-se no problema. Você está fazendo a pergunta correta?

Criatividade no dia-a-dia

Apesar de toda essa conversa sobre prêmios Nobel e artistas, todos esses métodos podem ser aplicados em nosso cotidiano.

Combinando opostos, escolhendo o caminho de maior resistência, estimulando o absurdo e o impensável, podem ser também facilmente utilizados para escolher um presente para alguém, pensar sobre a carreira sob uma nova perspectiva, ou decidir o que fazer no final de semana. A criatividade “fora do trabalho” é tão importante quanto, se não mais, do que toda essa criatividade com fins “sérios”.



Um comentário:

  1. Excelente post! Criativo, relevante e cheio de referências. Fantástico.
    Parabéns e abração

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