20 março 2012

21 de março: Dia Internacional da Síndrome de Down - homenagem a quem mudou o processo educacional desse grupo de pessoas: Reuven Feurstein




O texto abaixo é longo. Mas a história de Feurstein, é pautada pelo seu inesgotável trabalho junto às milhares de crianças sobreviventes ao Holocausto, entre elas centenas de crianças com síndrome de Down. Todas foram plenamente recucuperadas e alfabetizadas, sendo que muitas delas atingiram o nível superior de educação. Sendo um precursor e um visionário, fica aqui um pequeno resumo do seu trabalho publicado na Wikipédia. Para esse grande pensador e cientista não há limites para o cérebro de qualquer indivíduo. Em Israel diversos pessoas com sídrome de Down são professores universitários.




"Professor Reuven Feuerstein (nascido em 21 de Agosto de 1921 em Botosan, Romênia) (hebraico פוירשטיין) um psicólogo judeu-israelense, criador da Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (MCE), a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada (MLE), e o Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI). A ideia de que inteligência pode ser desenvolvida está associada ao trabalho do Professor Feuerstein.
Feuerstein estudou na Universidade de Genebra sob orientação de Jean Piaget, André Rey, Barbel Inhelder e Marguerite Loosli Uster e é um seguidor de Lev Vygotsky. Ele é o presidente do Centro Internacional pelo Desenvolvimento do Potencial de Aprendizagem (ICELP)[1] em Jerusalém. Os conceitos de que a inteligência é plástica e modificável, e que a inteligência pode ser pensada, são centrais na Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural. Inteligência pode ser desenvolvida em um ambiente de aprendizagem mediada criado a partir da teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada.
Um mediador é uma pessoa que trabalha interagindo com o aprendiz estimulando suas funções cognitivas, organizando o pensamento e melhorando processos de aprendizagem.
Depois de desenvolver suas teorias e de aplicar uma série intervenções práticas para mediação com crianças sobreviventes do holocausto. Feuerstein respondeu à demanda de professores por métodos que pudessem solidificar seu trabalho no formato curricular. Para esse fim, ele desenvolveu 14 “instrumentos” que mediadores e estudantes usaram para enriquecer funções cognitivas e construir o hábito de se ter um pensamento eficiente. Ele organizou esses instrumentos “livres de conteúdo” (content free) em um programa de 3 anos para estudantes acima de 9 anos. Esse programa é chamado de Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI).
Depois de 50 anos de sucesso, documentados por mais de 1500 pesquisas científicas com várias populações, incluindo engenheiros da Motorola (USA), estudantes carente em comunidades rurais do Brasil (Bahia), imigrantes não-alfabetizados (Etiópia), crianças autistas e com síndrome de Down (Jerusalém-Israel), estudantes do ensino médio com baixo aproveitamento em matemática (Cleveland, Ohio, USA) e muitos outros grupos.
Feuerstein desenvolveu uma versão básica do PEI para uso com crianças e adolescentes com dificuldades cognitivas profundas. Projetos através do estado do Alasca (EUA), Grã-Bretanha, Itália, Índia e Japão tem sido desenvolvidos, explorando a aplicabilidade de novos instrumentos com jovens com dificuldades diversas de aprendizagem.
Abaixo pode-se ler a participação de Myron Tribus, publicado em um diário chamado Letters From Jerusalem, na 18ª Conferência Anual do ICELP em Julho de 1997:
“Hoje, a 18ª Conferência Anual foi aberta sobre duas teorias básicas: Teoria da modificabilidade cognitiva estrutural (MCE) e Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), com seus dois métodos aplicados: Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI) e o Teste de Propensão à Aprendizagem (LPAD). Há 233 pessoas participando da conferência, representando 33 diferentes países. A cerimônia incluiu observações dadas pelo sr. Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro. Ele falou da importância da educação nesta nova era e então descreveu sua experiência em uma base militar próxima. Lá, ele encontrou com alguns homens com Síndrome de Down, que tinham sido mediados pelo método de Feuerstein e que estavam agora servindo com o uniforme das Forças de Defesa de Israel (IDF). Ele mencionou o orgulho desses homens em estarem prontos para vestirem o uniforme e cumprir com suas obrigações militares. Ele também falou de sua gratificação na aceitação desses soldados pelo comando militar. Em um ponto ele disse: 'Eu tive grande dificuldade em conter minhas emoções quando eu vi e falei com estes homens afligidos com a Síndrome de Down'”. Benjamin Netanyahu também disse: “Um pais deveria ser julgado pela forma como ele trata os mais vulneráveis de seus cidadãos”.
Como parte da cerimônia de abertura, Prof. Feuerstein disse: “O PEI foi testado durante muito tempo e em uma grande e variada população, e essas pesquisas demonstram que apesar dos danos cognitivos causados por choque cultural, acidentes físicos, traumas na infância por abusos ou extrema pobreza, negligência dos familiares... apesar de tudo isso, o funcionamento cognitivo desses sujeitos se desenvolveram. Experiências nos dizem que esse desenvolvimento é sem limites”.
Para o autor a aprendizagem pelas vias da mediação, deve ser compreendida diferentemente da aprendizagem pela exposição direta do sujeito ao objeto ou estímulo. Ou seja, há a necessidade da intervenção de um mediador humano, que para ele é um sujeito cuja ação mediadora é intencional e não-ingênua. Ele se interpõe entre o sujeito (mediando/aprendiz) e o mundo (no sentido amplo – conteúdo, estímulo, objeto, etc.), conduzindo a reflexão e interação tendo em vista a introdução de pré-requisitos ou recursos cognitivos (da dimensão do pensar) que potencializarão progressivamente a capacidade de aprendizagem deste sujeito.
Deve-se mencionar que o conceito de “mediador” e “mediação”, são tratados aqui de forma específica, e não em sentido amplo. Tais terminologias são aplicadas em outros âmbitos da educação com conotações diversas. Porém, para a abordagem de Reuven Feuerstein ou da EAM (Experiência da Aprendizagem Mediada), para que haja mediação são necessários pelo menos 3 critérios:
(1) Mediação de intencionalidade e reciprocidade: Intencionalidade por parte do mediador e reciprocidade perante o mediado para focagem e satisfação das necessidades do mediado;
(2) Mediação de transcendência: Transcendência da realidade concreta, “do aqui-e-agora” e da tarefa aprendida, generalizando para posterior aplicação da compreensão de um fenômeno apreendido em outras situações e contextos;
(3) Mediação de significado: Construção (incitada pelo mediador) de significados que permitam compreender a importância da aprendizagem e interpretar os resultados alcançados.
Estes critérios foram observados empiricamente por Feuerstein, como fatores comuns em toda situação de mediação. Em seguida será ampliado o significado de cada um destes critérios.
Por intencionalidade do mediador e reciprocidade do mediando, entende-se a consciência do interventor humano em sua tarefa ante o mediado e o estímulo, ou seja, clareza de suas intenções educativas. Não se ensina ou se estimula para o nada. Há sempre uma intenção um objetivo, nenhum processo educativo pode ser realizado sem objetivos. Da mesma forma o mediado deve dar um feedback e estar consciente de que, ante uma situação de aprendizagem mediada, o que se tem não é apenas o cumprimento de uma tarefa, mas que há uma intenção que transcende a situação posta.
A construção de significados, é quando o mediador trabalha com a elaboração de valores e códigos culturais (linguagem). Para que haja mediação, é necessário trabalhar com o uso apropriado das palavras e a significação de símbolos e representações que estão antepostas ao mediado. O mediador introduz problematizando, conceitos e significados. Afinal o mediado compreenderá uma realidade dada a partir de sua leitura de mundo, que por sua vez é elaborada por sentidos e significados que ele dá aos estímulos de sua realidade objetiva. Aqui a linguagem, na perspectiva vygotskyana, é um instrumento ou uma ferramenta psicológica de intervenção e estruturação do pensamento. O mediador tem como função introduzir e aprimorar no mediado estes instrumentos.
Por transcendência, entende-se algo que foi aprendido e logo foi extrapolado para outras dimensões espaço-temporal da vida do mediado. Ou seja, no processo de mediação o mediador deve ter a capacidade de conduzir o aprendiz para além do problema a ser resolvido. Universalizando ou transcendendo as soluções adquiridas ante uma situação-problema imediata, conduzindo-o a pensar sobre a aplicabilidade destes conceitos em outras situações de sua realidade. Para Feuerstein, se há a presença destes 3 critérios, há Aprendizagem Mediada.
Quando se fala de EAM dentro desta estrutura básica, fala-se de aprendizagem mediada em todas as dimensões humanas. Informalmente uma mãe ensina seu filho a andar e falar, uma criança aprende a andar de bicicleta, etc.
Há vários centros autorizados[2] no Brasil que dão treinamento no Programa de Enriquecimento Instrumental (PEI), o referido instrumento - segundo o autor - não deve ser aplicado sem o devido treinamento realizado por centros sob a supervisão do ICELP-Jerusalém-Israel."
In: http://pt.wikipedia.org/wiki/Reuven_Feuerstein, acessado em 20.03.2012

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