06 março 2013

Barreiras Atitudinais - preconceitos devem ser responsabilizados civil e criminalmente


Temos por mais de uma vez publicado em nosso blog, postagens de pais, que utilizam a mídia para – na maior parte das vezes –  entre outros, questionarem dificuldades e desafios, esclarecerem e refletirem sobre o dia-dia com seus filhos com deficiências.
Essas postagens têm  ajudado muito outros pais, parentes, familiares, profissionais e pessoas,   de diversas formas e ao tornarem público seus sentimentos, suas reivindicações, seus caminhos e suas frustrações, mobilizam centenas de pessoas tanto em reflexões, como em mudanças de atitudes, e muitas vezes em mobilização para acessarem direitos inerentes.
Temos no Brasil uma população com deficiência motora na ordem de 13,3 milhões ( 5,3% para homens e 8,5% para mulheres).
No mundo mulheres e meninas com deficiência são particularmente vulneráveis a abusos. Pessoas com deficiência são mais propensas a serem vítimas de violência ou estupro, e têm menor probabilidade de obter ajuda da polícia, a proteção jurídica ou cuidados preventivos. Cerca de 30% dos meninos ou meninas de rua têm algum tipo de deficiência, e nos países em desenvolvimento, 90% das crianças com deficiência não freqüentam a escola.
Esses números e essas estatísticas refletem que muito há que se fazer, para alterarmos os caminhos do respeito, da igualdade de direitos e da plena cidadania.

Mas o que mais precisamos combater é o preconceito, as barreiras atitudinais.

É nesse sentido que hoje, pedimos licença à Vanessa, para reproduzir o texto que ela postou em 02 de março de 2013 no perfil, que ela criou no facebook:  “Diário de uma mãe especial” (http://www.facebook.com/pages/Di%C3%A1rio-de-uma-m%C3%A3e-especial/156980764445265?ref=stream)

“Vocês devem saber que recebo inúmeras mensagens tanto no email, como nos comentários e mais ainda por inbox aqui na página, e então hoje recebi uma que me surpreendeu... Dizia ela: Pare de postar essas coisas! Acha mesmo que sua filha é feliz? Acha que ela gosta que fique se mostrando para todos? Duvido que você não queria ter uma filha normal.
Eu fiquei um tanto quanto intrigada, e então pensei comigo: Porque parar de postar sobre a vida da minha filha, será que estou indo longe demais, será que as pessoas pensam que eu invento tudo isso, que a nossa vida é só tristeza e nos camuflamos através de fotos e mensagens bonitas? Me questionei durante um tempo... e constatei:

Essa pessoa deve ser tão infeliz que não aceita que uma criança com as limitações que Aninha tem pode ser e é mais feliz que ela, e que a palavra “amor” não faz parte de sua vida, senti pena dela, uma sentimento que abomino pois eu não gosto de sentir pena das pessoas assim como não gosto que as pessoas sintam pena de nós.
Sobre o quesito normalidade: Sim... meu maior desejo era que Aninha fosse uma criança normal, não por mim, mas por ela que vai ter que enfrentar o mundo com pessoas inescrupulosas como essa, temo pelo seu sofrimento, temo pelo preconceito sofre, enquanto a mim eu gosto dessa rotina, só consigo ser Mãe especial porque tenho uma linda criança especial que jamais vai me decepcionar, ela só me dá amor. Ah! Falando em normalidade, será que todos somos mesmo normais? O que é ser normal? Andar, falar, saber as cores, ter aparência física, postura corporal? Desculpem-me mas o que deve de sair de besteiras da boca dessa criatura mescladas com atitudes preconceituosas... Eu sei que a ideia de expor a nossa vida poderia atrair esse tipo de pensamento e de gente, a internet é pública e um meio de comunicação bem viável a todos, mas eu sei lidar super com isso, minha maturidade é incrível, só resolvi contar aqui para vocês para termos uma exata dimensão do que as pessoas pensam sobre as crianças e famílias especiais.
Eu não quero mais lutar para que a minha filha não seja vista apenas como uma portadora de deficiência incapaz. Eu não quero mais ter que explicar tudo que ela sabe fazer. Eu não quero mais ver gente olhando pra nós com piedade, como se houvesse algum motivo pra isso. Também não quero que ela seja chamada de apelidos, mas que tenha direito ao exercício pleno da sua cidadania.
Mas porque eu quero viver num mundo em que ela possa apenas ser Ana Laura, uma menina alegre, amorosa, que adora música e chocolate. Que fica brava, chora, ri e se emociona como todo mundo. Que tem música favorita, comida preferida, que assisti novela, que fica linda de roupinha bacana e rabo de cavalo. Que sabe, como ninguém, quando eu preciso de um carinho.
Transformo a minha declaração num manifesto de repúdio a todo e qualquer preconceito. Não só aquele que se dissemina através das idéias, mas que se concretiza em ações discriminatórias que continuam excluindo um contingente enorme de pessoas das melhores coisas da vida. Que torna o mundo, para muitos de nós, um lugar hostil e limitado quanto às perspectivas de felicidade.
Ajude a acabar com o preconceito, começando com os seus. Seja mais um a trabalhar para que o mundo seja um lugar melhor. Pra todos. 

Eu sou a mãe mais feliz do mundo porque sou mãe da Ana Laura essa “coisa” que você se referiu, é a menina mais especial de todas, e eu não vou parar de publicar, pois sua opinião não me atingiu a esse ponto, minha alma é evoluída e sabe contornar muito bem os devaneios de pessoas despreparadas como você, alguém precisa apresentar ao mundo que famílias especiais são muito felizes sim, nunca vou precisar buscá-la numa porta de cadeia.

Você deve se julgar perfeito e normal, mas é um doente camuflado de saúde.

#desabafei#”


Resta para todos nós, envolvidos e comprometidos com a qualidade de vida das pessoas com deficiências, sempre que for possível denunciar, esclarecer, mobilizar, lutar pela que o preconceito seja responsabilizado  civil e criminalmente.

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