25 agosto 2012

O místério da alimentação para o cérebro

"Desde 1930, pesquisas têm demonstrado que recursos nutricionais em excesso, que resultam em condições como a obesidade e a diabetes, podem ser tóxicos para o cérebro. Por outro lado, dietas mais restritivas promovem uma série de efeitos protetores complexos que previnem doenças relacionadas à idade e, consequentemente, prolongam a vida.

Já discutimos em artigos anteriores como o exercício físico regular ajuda a proteger o cérebro do declínio de habilidades associado à idade. Em um estudo recente, publicado na revista Nature Reviews Neuroscience, o autor argumenta que a dieta é tão importante quanto. Para defender seu ponto de vista, ele cita resultados que demonstram que o jejum intermitente –feito em dias alternados – pode proteger o cérebro dos adultos. Mas como deixar de comer a cada 24 horas pode ser benéfico para o cérebro?

Segundo o neurocientista, o jejum é um desafio para o sistema nervoso e, se analisado sob a perspectiva da evolução, os animais (inclusive nossos ancestrais) geralmente tinham que passar longos períodos sem comida. Se o seu corpo fica sem comida por um tempo, sua mente tem que ficar mais ativa, para lhe ajudar a encontrar uma maneira de obter comida.

Essa atividade mental aumentada foi comprovada através do estudo com camundongos. O jejum intermitente resultou em efeitos protetores do cérebro, como o aumento do nível do fator neurotrófico derivado do cérebro (BNDF), bem como o de antioxidantes, enzimas reparadoras de DNA e outras substâncias que ajudam a promover a plasticidade e a sobrevivência dos neurônios.

Alguns estudos recentes sugerem que uma dieta de baixa caloria promove a saúde, principalmente com relação a algumas doenças, como o Alzheimer, Parkinson e AVC. Porém os pesquisadores desse último estudo argumentam que, em se tratando do cérebro, a restrição calórica tem pouco efeito. Já o jejum intermitente promove o aumento da neurogênese, efeito até então obtido só com exercícios físicos.

Até o momento, apenas dois pequenos estudos testaram os efeitos do jejum intermitente em humanos. Um avaliou seu efeito sobre pessoas com asma e outro sobre mulheres com alto risco de câncer de mama, e ambos mostraram efeitos animadores. Nesses estudos, o jejum intermitente consistia em dieta livre num dia e restrição calórica (aproximadamente 600 calorias) no outro.

Os neurocientistas planejam agora um estudo envolvendo o cérebro humano, com enfoque em pessoas com risco elevado de declínio cognitivo associado à idade. A expectativa é que obtenham resultados positivos, demonstrando efeitos protetores concretos no cérebro, similares aos dos estudos em camundongos.

Entretanto, não há motivo para todos começarem a fazer jejum ainda, pois existem muitas coisas desconhecidas sobre a relação da ingestão calórica e o cérebro. Trata-se de um mistério para os cientistas, pois é sabido que doenças como a anorexia são muito tóxicas para o corpo e para o cérebro. Não se sabe quando ou como esses processos passam de saudáveis para serem não saudáveis. Portanto, a melhor coisa a fazer para se ter corpo e mente saudáveis é seguir uma dieta balanceada, acompanhada de exercícios físicos, assim como exercícios para o cérebro."
Acessado dia 25 de Agosto de 2012

 

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