19 abril 2012

Memória: Cientistas descobrem mecanismos cerebrais que nos fazem lembrar e esquecer

A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar (evocar) informações disponíveis.

O conjunto de experiências armazenadas na mente de um ser humano é essencial para a identidade de cada um.
A memória focaliza coisas específicas, requer grande quantidade de energia mental e deteriora-se com a idade.
É um processo que conecta pedaços de memória e conhecimentos a fim de gerar novas idéias, ajudando a tomar decisões diárias.
Os neurocientistas (psiquiatras, psicólogos e neurologistas) distinguem memória declarativa e memória não-declarativa.
A facilidade com que uma pessoa acessa a memória é vital para intepretar o mundo que estã ao seu redor, assim como tomar decisões.
O cérebro humano pesa aproximadamente um quilo e meio e tem 100 bilhões de neurônios que se comunicam através de sinapses (através dessas estruturas os neuronios se comunicam uns com outros por impulsos químicos e eletricos).


Existem trilhões de sinapses (veja acima uma) e, a cada vez que há um novo estímulo do ambiente (um passeio), as sinapses forma determinados padrões de comunicação entre neurônios de diferentes partes do cérebro.

http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/biologia/imagens/neuronio.jpg

http://scienceblogs.com.br/rnam/neuronio.JPG

Algumas redes de células ORGANIZAM estas informações e comparam-nas com outras já armazenadas.
Estas experiências são selecionadas, de acordo com sua importância, necessidade, ou mesmo emoção que é evocada ao ocorrer para serem esquecidas ou armazenadas. O arquivo das memórias pode ser feito por horas, dias, meses, anos ou simplesmente apagar.


E apagar o que é inútil é fundamental, para que o cérebro humano funcione corretamente.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em santa Bárbara conseguiram verificar como a destruição e proodução de proteínas no interior das células nervosas cria novas lembranças e modifica as já existentes.
Este estudo confirma a idéia de que não existe memória fixa, imutável, segundo Rosalina Fonseca, neurocienteista do Instituto Gulbenkian de Ciência em Portugal e autora do trabalho que serviu de base para os estudiosos americanos.


Uma interessante analogia para explicarar o estudo acima e "comparar a memória a uma casa em constante reforma, cujas proteínas são tijolos". Esta obra sem fim precisa de mais de 100 substâncias químicas (neurotransmissores e receptores de hormônios e pode ser a chave para a cura (ou tratamento) de muitas doenças psiquiátricas e neurológicas.

Segundo o neurocientista americano Sam Wang, da Universidade de Princeton, os prinicipais avanços no tratamento de doenças mentais e neurológicas, são esperados através de recentes descobertas do mecanismo de formação de diferentes tipos de memórias em regiões diferentes do cérebro.
Conforme Eric Kandel, 80 anos prêmio Nobel em Medicina em 2000, nascido na Áustria, que tinha interesse em descobrir a localização cerebral do ego, id e superego (Estruturas do Funcionamento Psiquico elaboradas e elucidadas, pelo médico Neurologista Sigumund Freud, pai da psicanálise) a memorização ocorre em 2 estágios:
Curto Prazo - Lembrar-se da saída do dia de ontem
Longo Prazo - Lembrar-se de uma festa há 2 anos.

Tipos de Memória:

  • Explícita (ou Declarativa) - pode ser descrita em palavras e é evocada de maneira consciente, como a lembrança do primeiro beijo.
  • Implícita - refere-se a conhecimentos, hábitos e habilidades que são evocados de maneira automática (por exemplo entender este texto sem ter que recorrer à gramática para cada frase), andar de bicicleta.
  • Memória de Trabalho - necessária para realização de tarefas, como guardar um número de telefone antes de discá-lo (semelhante à memoria RAM (Random Acess Memory) de um computador.
  • Memória Sensorial - processa dados associados aos sentidos como olfato, visão e audição.
  • Memória de Reconhecimento - usa vários aspectos diferentes da memória sensorial para reter nomes, fisionomias e ojbetos.
  • Memória de Conhecimento - geralmente de longo prazo, guarada fatos e informaçãoes aprendidos no trabalho ou escola.
  • Memória de Procedimento - Absorve instruções para tarefas condicionadas (dirigir, desviar com segurança de um obstáculo).
Eric Kandel, ganhou o Nobel de Medicina em 2000 ao provar que Terapias alteram a neuroquímica do cérebro e na reportagem da revista Veja citada na bibliografia abaixo afirma que as novas descobertas sobre o funcionamento da memória ainda estamos engatinhando e que, talvez, daqui a 100 anos, o funcionamento do cérebro será totalmente conhecido. Kandel trabalha na Universidade de Colúmbia, Estados Unidos.
Segundo Kandel, ainda, a Psicanálise não está ameaçada pelas descobertas das Neurociências.
Há alguns estudiosos analisando imagens de cérebros de pessoas com transtornos mentais e tentando descobrir como elas são revertidas com a psicoterapia.

Já há estudos mostrando como a psicoterapia ou a psicanálise conseguem reverter, em alguns casos, anomalias cerebrais em depressões, transtorno obsessivo compulsivo e neuroses.

Os resultados são bons quando o terapeuta, além de tentar entender o que motiva o paciente a agir de certa maneira passa aincentivá-lo a mudar seu comportamento presente.
Ou seja, faz um tratamento mais voltado para o aqui e agora. Os estudos de neuroimagem mostram que esse é um método bastante eficaz em certos casos.
Para o Português Antônio Damásio, um dos neurocientistas mais respeitados da atualidade, de 65 anos, que leciona na Universidade do Sul da Califórnia (Los Angeles), "Não existe memória sem emoção".
Segundo Damásio, a emoção modula constantemente a forma como os dados e os acontecimentos são armazenados na memória. Isto se dá, principalmente em relação à memória para pessoas e para suas qualidades ou características.
Grande parte de nossas decisões é feita de modo automático, ou inconsciente. Esse processo é comandado pelo valor atribuído às experiências passadas.
Para pessoas que despertam boas emoções em alguém, ao encontrá-la a memória é revivida de forma positiva em dois aspectos:
  • Cognitivo: Saber quem é a pessoa ("Cognecere"=conhecer)
  • Emocional: É alguem de quem se gosta
Não há, portanto, memória, ou tomada de decisão sem emoção.
O ser humano, ao contrário dos outros mamíferios têm a memória mais abrangente (além de saberem quem são, quem são os pais), a linguagem (capacidade de Codificar as memórias não verbais em verbais) amplifica enormemente tudo o que o ser humano é capaz de memorizar.
A grande força motora da Criatividade é a imaginação (manipulação de imagens: visuais, auditivas, táteis ou olfativas), que dependem das imagens captadas por um sujeito em determinado momento, assim como das informações que foram gravadas nos circuitos nervosos, onde, com ajuda da emoção, foram organizadas com determinadas categorias.
Um grande artista ou inventor é alguém que consegue usar a emoção para manipular essas imagens visuais, auditivas, táteis ou olfativas de modo muito rico."
Bibiliografia:
Lent, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. SP, Atheneu,2004

Lent, Roberto (Ed.). As ciências do cérebro. Numero especial da Rev. Ciência Hoje, v16/ nº 94, Rio de Janeiro, setembro-outubro de 1993




  Kandel: Em Busca da Memória - Livraria Cultura, 2009, em portugues.







  Malloy, Cosenza - Neuropsicologia: Teoria e prática. Artmed 2008.










Revista Veja, ediçao 2147, ano 43, no 2- 13 de janeiro de 2010 http://veja.abril.com.br/130110/conquista-memoria-p-078.shtml

Acessado em 19.04.2012

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