No primeiro semestre do ano de 2000 recebemos um grupo de
profissionais: um terapeuta ocupacional português, presidente da Associação
Portuguesa de Mão – especialista em muitos assuntos - inclusive bandagens funcionais e um
fisioterapeuta francês, especialista em pós cirurgia de mão, para apresentarem
alguns cursos, pelo nosso Laboratório de Tecnologia Terapêutica
Como os livros no Brasil são mais baratos do que na Europa,
pelo menos os editados aqui, nossos amigos quiseram visitar algumas livrarias.
E foi sendo cicerone deles, que encontrei na prateleira de
lançamentos um livro demarcatório na
minha linha de conhecimento sobre neurociência: “Arvores Maravilhosas da Mente”,
editora Campus, escrito pela famosa Dra.
Marian Diamond – neuroanatomista - pioneira em pesquisa cerebral, expurgada da
comunidade científica por 20 anos, por ter afirmado em 1964, que o nosso cérebro
se arboriza com a mediação motora e treinamento. Além do mais, ela ousava dizer
que as pesquisas anteriores, sobre perdas de neurônio com a idade, foram feitas
em indivíduos que sofriam de privação sensorial, motora, de novas aprendizagens, e
também eram muito pouco ativos motoramente, pois eram pessoas de asilos, encarceramentos,
etc.
Em homenagem a uma das maiores neurocientistas do mundo, hoje copiamos
a matéria, que saiu no Portal Terra, sobre uma pesquisa, feita aqui, por
brasileiros na Universidade de São Paulo, que corrobora essa afirmativa de que
não perdemos neurônios, não! E sim temos muito a explorar no nosso cérebro em
qualquer fase da vida.
Gisleine Martin Philot
Terapeuta Ocupacional
Segue abaixo a notícia:
Testes em animais revelam que neurônios não reduzem com idade07 de fevereiro de 2012 • 10h05 • atualizado às 11h40
Esta pesquisa, publicada no International Journal of Developmental Neuroscience, se soma a uma série de trabalhos já feitos pelos cientistas que reforçam a tese de que os animais idosos não sofrem necessariamente redução do número de neurônios. "Além disso, o trabalho teve o mérito de observar neurônios se dividindo em animais idosos - algo que há alguns anos era considerado impossível na literatura médica", disse Antonio Augusto Coppi, supervisor do trabalho.
De acordo com Coppi, já é possível afirmar que o envelhecimento não corresponde necessariamente a uma condenação à perda de células nervosas. Essa perda, segundo ele, era um dogma da neurociência há algumas décadas.
"De 1954 a 1984, vários trabalhos indicavam que havia perda de neurônios durante o envelhecimento. Mas atribuímos essa conclusão ao método bidimensional utilizado na época para quantificar as células nervosas. A partir de 1984, quando um grupo da Dinamarca publicou o primeiro trabalho utilizando o método de estereologia em três dimensões chamado de 'Disector', a contagem de células em geral passou a ser muito mais acurada e precisa", explicou.
Desde então, a comunidade científica internacional começou a refazer os trabalhos realizados nas décadas anteriores, com resultados mais acurados, mas os estudos em geral são voltados para o sistema nervoso central. Os trabalhos realizados na USP são voltados especificamente a neurônios do sistema autônomo periférico, procurando confirmar as conclusões dos demais estudos realizados no cérebro.
"Iniciamos essa linha de pesquisa em 2002 e esse é o sétimo trabalho internacional que publicamos sobre o tema. Estamos confirmando por meio desses estudos que o número de neurônios do sistema nervoso periférico não diminui necessariamente durante o envelhecimento - na maior parte das vezes se mantém estável", afirmou Coppi, que orientou a dissertação de mestrado de Aliny Antunes Barbosa Lobo Ladd, autora do estudo.
Divisão celular
O grupo já realizou estudos com ratos, cobaias, cavalos, cães, gatos, capivaras, pacas, cutias e, agora, preás - incluindo estudos com modelos de doença de Parkinson e de doença de Huntington. No caso dos preás, aos três anos e meio os animais são considerados idosos.
"Por meio dos métodos imuno-histoquímicos associados à estereologia, pudemos detectar neurônios uninucleados e binucleados em pleno processo de divisão em animais idosos. Nossa hipótese é que o número de células nervosas que se dividem é maior que o número de neurônios que morrem e isso permite que o número total de neurônios permaneça estável", explicou o professor.
Em meio aos muitos modelos animais estudados pelo grupo nos últimos dez anos, só uma exceção foi registrada: as cobaias. "No caso das cobaias tivemos uma redução de 21% no número total de neurônios entre os animais idosos. Não sabemos explicar as causas dessa redução. Em compensação, no caso do cão, houve um aumento incrível do número de neurônios em animais idosos: 1.700%", afirmou.
Apesar da exceção, o conjunto dos estudos mostra que a tendência na velhice é uma estabilidade ou aumento do número total de neurônios. "Esse dado por si só quebra o dogma de que o número de neurônios deveria necessariamente diminuir."
O diferencial do estudo com os preás, segundo Coppi, é que pela primeira vez foram observados neurônios do sistema nervoso autônomo em pleno processo de divisão celular. "Mostramos que o número de células em divisão é uma proporção constante em cada faixa etária. Assim, o número total de células se mantém exatamente o mesmo em cada uma das quatro faixas etárias que observamos: animais neonatos, jovens, adultos e idosos", indicou.
http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5598980-EI8147,00-Testes+em+animais+revelam+que+neuronios+nao+reduzem+com+idade.html#tarticle
Acessado em 09.02.2012
Como na época de Galileu, questionar o conhecimento geral é algo perigoso e que exige mais do que coragem, exige paixão.
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa de homenagear a doutora e por compartilhar o texto.
Abração