Durante
décadas foi senso comum acreditar que os neurônios, as principais células que
compõem o cérebro, eram apenas produzidos durante a gestação e no começo da
infância, e só. De acordo com este dogma, havia pouca esperança de se repor os
neurônios perdidos pelo envelhecimento, por acidentes ou por doenças.
Há
quase 20 anos foi descoberto que o cérebro adulto continua a produzir novos
neurônios ao longo da vida – fenômeno chamado de neurogênese. Já havia relatos
de neurogênese especialmente em aves, mas a demonstração de que isso ocorria em
humanos revolucionou as neurociências, provocando uma mudança de paradigma. Atualmente,
há indícios de que os neurônios continuam a se formar mesmo em idosos afetados
por doenças degenerativas do cérebro, como o Alzheimer.
Diversos
estudos têm sido publicados ultimamente, cobrindo desde o papel que os
neurônios recém-nascidos podem ter na formação da memória, até as diversas
atividades que podem alterar sua produção. Então, com base nessas últimas evidências,
como podemos aumentar a produção de neurônios e como isso pode melhorar a
saúde?
A
produção de neurônios não ocorre de forma constante, sendo influenciada por uma
série de fatores ambientais distintos. Por exemplo, o consumo de álcool tem
mostrado que retarda a produção de novas células nervosas. Por outro lado, ela
pode ser estimulada através de exercícios físicos. Foi demonstrado que
camundongos que faziam exercícios produziam o dobro de neurônios do que os
sedentários.
Mesmo
utilizando de artifícios para produzir mais neurônios, não significa que os
mesmos estarão disponíveis. A maioria deles morre em poucas semanas, como
geralmente ocorre com outras células do nosso corpo. Porém, pesquisas com camundongos têm demonstrado que
se os animais forem desafiados cognitivamente, essas células nervosas vão
sobreviver. É como se o cérebro fabricasse novos neurônios para a eventualidade
de precisar deles.
O
interessante é que as pesquisas indicam que quanto mais difícil for
a tarefa a ser realizada, maior a quantidade de neurônios que sobreviverão. Também
indicam que é o processo de aprendizagem, e não apenas o desafio, que garantem
essa sobrevivência. Então, se não houver o aprendizado, o desafio será em vão. Além disso, quanto
mais tempo demorar para o aprendizado ocorrer, mais neurônios serão retidos, o
que aparentemente significou um maior esforço.
A
maioria das pesquisas é desenvolvida com animais de
laboratório. Então, o que aconteceria com um ser humano se ele parasse de
produzir novos neurônios no hipocampo? A medicina moderna, infelizmente, nos
oferece uma população de “cobaias” prontas: pessoas que estão fazendo
tratamento de quimioterapia. A quimioterapia afeta o processo de divisão
celular necessário para a geração de novas células. Portanto, não deve ser
coincidência que pacientes sob tratamento quimioterápico geralmente reclamam de
dificuldade de aprendizagem e memória, uma síndrome também conhecida como “quimiocérebro”.
Podemos
resumir essas principais descobertas em alguns conceitos simples:
•
Milhares de novos neurônios são produzidos no cérebro adulto todo dia,
particularmente numa região chamada de hipocampo que afeta os processos de
aprendizado e memória.
•
Em poucas semanas, a maior parte desses novos neurônios morrerá, a não ser que
o cérebro seja desafiado a aprender algo novo. O aprendizado efetivo,
especialmente o que requer um grande esforço, pode manter esses novos neurônios
vivos.
•
Apesar dos novos neurônios não serem essenciais para boa parte da aprendizagem,
a sua falta pode afetar o processo de aprendizagem e a memória. Portanto, estimular
a neurogênese, pode auxiliar na redução do declínio cognitivo e manter o
cérebro em forma.
Então,
comece já a se engajar em atividades que estimulam a produção de neurônios,
como exercícios físicos, e em atividades que desafiem seu cérebro e resultem em
aprendizado, garantindo a sobrevivência desses neurônios, como o estudo formal
ou os exercícios especializados. Desta
forma, você aumenta as suas reservas cerebrais e fica mais resistente ao declínio
cognitivo e a doenças neurodegenerativas. Como os neurônios continuam a se
multiplicar até o final da vida, nunca é tarde demais para começar a formar
essa reserva. E, também nunca é cedo demais para começar, pois terá mais tempo
de formar uma reserva maior.
In: http://www.cerebromelhor.com.br/novidades.asp?utm_source=Virtual+Target&utm_medium=email&utm_content=&utm_campaign=Newsletter_2011_40_cad&utm_term=.
Acessado em 21.11.2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário