11 agosto 2011

Fran: o retorno!

Com a devida autorização, reproduzimos abaixo um texto que queremos compartilhar com todos. Está postado no Blog: Diário de uma mãe Polvo: de Mari Hart http://contosmamaepolvo.blogspot.com/2011/08/fran-o-retorno.html  que apresenta os relatos feitos por uma mãe, de parte da história de sua família que tem uma criança - o Leo - com deficiência neuromotora. Não há como não ficar indiferente às histórias que Mari apresenta. Como ainda há muito por conquistar em termos de cidadania, conhecimento, permuta e aprendizagem na convivência de uma familia com as dificuldades inerentes em ter um filho com deficiência, reproduzimos este texto hoje, e convidamos nossos leitores a visitarem o blog e usufruirem de outros relatos. Sabemos o quanto, é importante para todos os seres humanos, o convívio com as pessoas que são próximas, e o quanto cada uma delas contribue para o nosso conforto emocional. Esta mãe, além de pontuar peculiaridades de seu filho, demonstra essa dinâmica social do dia-a-dia.


Fran: o retorno!
Segunda-feira foi nosso último dia de escravidão sem Fran. Como já contei, Fran trabalha aqui, cuida da limpeza, das roupas, da casa, enfim, cuida de nós. É meu braço direito e um pouco do esquerdo, minha agenda ambulante e minha confidente. O que esqueci de mencionar como deveria, é a paixão louca de Leo por ela. E é recíproca!

A noite, na hora de ir dormir, como sempre por volta das 20hrs, falei para Leo: "meu amor, vamos dormir pq amanhã cedinho a Fran vai voltar!" Ele deu um belo sorriso e um suspiro. Coloquei-o na cama como de costume depois de todo ritual noturno. E lá ele ficou quietinho, sem dar um pio.

Leo como muitas crianças pequenas, ainda não tem muita noção de tempo. Para ele "amanhã" pode ser "daqui a pouco". E percebi isso qdo ele cochilou até meia-noite. Abria e fechava os olhinhos brihantes de saudades da Franzinha, tentando dormir, mas não conseguia entrar no sono profundo. Por volta de quase uma hora da madrugada o papai chegou do trabalho. A primeira coisa que ele faz qdo chega, é espiar as crias e então veio até mim dizendo "o que Leo está fazendo com aquele olhão aberto a essa hora?!"

Na mesma hora pensei em ansiedade, talvez ele estivese esperando a Fran chegar a qualquer momento e na cabecinha dele, se ele dormisse, perderia o momento. Lidar com uma criança diferente é assim. Temos de adivinhar seus pensamentos e vontades e o que ele demonstrava, era isso. Ao dizer o nome "Fran" ele abre um sorriso e seus olhos brilham! Passamos a madrugada INTEIRA tentando colocá-lo para dormir sem sucesso, lembrando que ele toma rivotril antes de se deitar (para convulsão e espasticidade), e desde o início desta medicação nunca mais tivemos problemas com sono. As 5:20, hora que levanto para colocar Stella para o colégio, em minha cama tinha um garotão de 4 anos as gargalhadas, como já contei por aí sobre seus ataques de risos.

Eu dava uma bronca e ele ria mais ainda. E então o jeito foi esperar. As 9 horas, Fran enfim chegou de suas férias e correu para pegá-lo no colo, agarrá-lo e a felicidade foi infinita! Caiam lágrimas dos olhos dela de saudade, alegria, que era retribuído com gritinhos de alegrias, mordidas e abraços do meu pequeno. Se eu não estivesse tão cansada da madrugada tensa, até ousaria ter um ciúme, mas meu corpo exausto não teve forças. Eu e o pai estávamos o pó, não dormimos nem 1 hora seguida!

A tarde como sempre, fui resolver pendências na rua, e resolvi levá-lo para dar uma voltinha de carro que ele tanto adora. Mas ele passou o dia resmungando, acho que preferia ter ficado em casa assistindo Fran passar roupa ao som de um funk ou pagode que ela escuta para trabalhar. E quando chegou a noite, Leo dormiu como um anjo. O sonho dos justos, de 20 horas as 10 da manhã de hoje, direto, sem interrupções. Saudade matada de sua Franzinha que tanto lhe dá carinho e amor.

E depois destas férias, vi que há coisas muito mais valiosas do que a mão de obra de uma faxina. Um coração que pulsa dentro de quem o faz, com paixão, vale mais do que uma casa arrumada, uma café pronto pela manhã como acordei hoje, e uma cozinha impecável. A amizade estabelecida entre nós e o amor construído entre esses dois, vale mais do que qualquer salário. Leo que o diga!

Ahhhhhh, Franzinha!!!!!!

(obrigado Mari)

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